Para se proteger do frio intenso, moradores de rua procuram abrigo

Segundo Tomiazzi, o grupo de funcionários do local é treinado para lidar com a “quebra de paradigmas do senso comum".

PRUDENTE - Ynaiê Botelho

Data 25/07/2013
Horário 10:48
 

A madrugada de quarta-feira registrou 2°C e as baixas temperaturas movimentaram o Serviço de Acolhimento para a População em Situação de Rua de Presidente Prudente, que ontem recebeu 11 pessoas para passar a noite no abrigo. O encaminhamento dos moradores de rua para o local é feito pelo Serviço Especializado para Pessoas em Situações de Risco, da Secretaria Municipal de Assistência Social. Hoje o espaço – também conhecido como antiga casa de passagem – abriga 21 pessoas, sendo a maioria homens.

Jornal O Imparcial Tomiazzi: "Os moradores de rua ganham refeição, roupa limpa, banho e lugar para dormir"

Segundo a assistente social e coordenadora do abrigo, Edna Tomiazzi, no local os acolhidos ganham refeição, roupa limpa, banho e um lugar para dormir. "Aqui no serviço de acolhimento, as pessoas recebem cuidados para que ao final da estadia, possam construir um projeto de vida", diz. A permanência máxima dos atendidos é de seis meses. "Trata-se de uma moradia provisória. No entanto, avaliações mensais são feitas e, caso o assistido não esteja preparado para sair, ele fica e continua sendo avaliado", explica.

De acordo com ela, no local os abrigados participam de cursos e atividades voltadas à reabilitação do morador. "Hoje, em Prudente, 99% dos moradores de rua são dependentes químicos. Aqui no abrigo, auxiliamos essas pessoas a romper com a situação ‘de rua’ da qual estão acostumados. Aprendem a comer nos horários certos, tomar banho, enfim, retomam a rotina que tinham antes de morar nas ruas", destaca.

Ao chegar no abrigo, o atendido passa por um plano de atendimento. "Verificamos os vínculos familiares, se a pessoa tem documentação, além disso, averiguamos as questões profissionais, ou seja, analisamos as aptidões dela e, a partir daí, fazemos o encaminhamento para os cursos e tratamentos, que são realizados em parceria com o Centro de Atenção Psico-Social de Álcool e Drogas (Caps AD)", completa.

Segundo Tomiazzi, o grupo de funcionários do local é treinado para lidar com a "quebra de paradigmas do senso comum". "Essas pessoas precisam de ajuda. Não estão aqui porque não querem trabalhar ou porque são preguiçosas. Elas estão doentes e aqui damos o suporte necessário para que elas possam se reabilitar. Queremos mostrar que a situação em que elas se encontram pode ser modificada", expõe.

Adão Gonçalves dos Santos, 43 anos, nasceu em Minas Gerais e está na região de Prudente há 12 anos. "Estava na rua e vim procurar ajuda aqui por causa da bebida. Estou aqui há 80 dias e tenho achado bom. Ainda luto contra as recaídas, mas aqui eles ajudam a gente. Eu trabalhava com gado, tratores. Queria poder voltar a exercer minha profissão novamente", relata.

Já Admilson de Souza, 41 anos, nasceu em Prudente e trabalhava como artesão. "Eu fazia cadeiras de área. Mas então meu casamento acabou, me mudei para São Paulo, e lá as coisas também não deram certo. Voltei e fui morar na rua, onde passei 20 anos. Agora estou aqui para me tratar, tenho problemas com drogas", conta. Apesar das dificuldades, Souza acredita em sua recuperação. "Quero só arrumar um serviço com carteira registrada e esquecer o meu passado", finaliza.

 


Creas-POP


"A rua pra quem vive nela é muito mais que um simples lugar, é uma triste condição de vida, imposta pelo destino, por escolhas erradas do passado e falta de oportunidades do presente". É com base nas palavras de Richardson Costa que o Centro de Referência Especializado de Assistência Social para a população em situação de rua (Creas-POP) realiza o acompanhamento dos atendidos.

De acordo com o psicólogo da unidade, Luiz Fernando de Lima Alves, diariamente passam pelo local cerca de 50 pessoas para tomar café da manhã, da tarde e participar de atividades direcionadas ao desenvolvimento de sociabilidades, resgate, fortalecimento ou construção de vínculos interpessoais e familiares. "Queremos que essas pessoas enxerguem outros projetos para suas vidas, que tenham vontade e condições de sair da rua", afirma o psicólogo, acrescentando que no programa estão registradas 120 pessoas.

 

SERVIÇO

Informações e doações

O Serviço de Acolhimento para a População em Situação de Rua de Presidente Prudente aceita doações diversas da sociedade. Mais informações pelo telefone 3223-6252. O serviço de abordagem social, também realizado pelo órgão, pode ser solicitado através do telefone 3223-8273 ou no endereço Rua Napoleão Antunes Ribeiro Homem, 491.

Já o Serviço Especializado para Pessoas em Situações de Risco (Creas-POP) atende das 8h às 17h, na Rua Major Felício Tarabay, 1.152.
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