Parque do Povo se transforma no 1º dia da Virada Cultural

30 mil pessoas lotaram espaço nos shows de sábado, quando Gabriel O Pensador se referiu ao público como sua “maior onda"!

VARIEDADES - Oslaine Silva

Data 24/05/2016
Horário 10:21
"Chega! Que mundo é esse, eu me pergunto. Chega! Quero sorrir, mudar de assunto, falar de coisa boa, mas na minha alma ecoa. Agora um grito eu acredito que você vai gritar junto... A gente é saco de pancada há muito tempo e aceita. Porrada da esquerda, porrada da direita. É tudo flagrante, novas e velhas notícias. Mentiras verdadeiras, verdades fictícias"... Se você não conhece essa letra do rapper Gabriel O Pensador, ouça e a traga para a realidade do momento que o país atravessa! Como era previsto, o cantor fez o Parque do Povo "bombar" na primeira noite da 10ª Virada Cultural Paulista, no sábado, em Presidente Prudente.

Jornal O Imparcial Gabriel O Pensador fez a galera vibrar em mais de uma hora de show durante a virada

E, visivelmente feliz por estar ali, após trazer um pouquinho de Jorge Ben, com "Solitário Surfista" fez reverências dizendo que como "surfista" que é, e mesmo a cidade não tendo praia: "o público que ali estava, cerca de 30 mil pessoas, era sua maior onda!".

De sua entrada até a sua despedida - com cerca de dez músicas como a "saideira" - Gabriel O Pensador mostrou porque é tão querido e admirado por tanta gente. De "Cachimbo da Paz", uma lembrança de Legião Urbana com "Pais e Filhos", um rap de improviso e por aí vai, ele desceu do palco e foi cantar Sandra de Sá "Olhos Colorido", no meio da galera. "Isso é maravilhoso. Música é isso: a união de todos, sem distinção, preconceito, discriminação. E a Virada trazendo homens, mulheres, cantores de vários estilos contribui para essa igualdade", ressaltou o rapper.

 

De Curitiba

A atração musical que abriu a programação foi A Banda Mais Bonita da Cidade, de Curitiba (PR), com Uyara Torrente (vocalista), Vinícius Nisi (tecladista), Thiago Ramalho (guitarrista), Marano (baixista) e Luís Bourscheidt (baterista), que já estiveram na cidade há quatro anos.

"Ficamos felizes quando tocamos na Virada Cultural porque é um evento gratuito, ao ar livre, no meio da cidade, super democrático. Tem um público que conhece a banda, mas tem aquele espontâneo também, que veio para assistir outro show, ou apenas estava passando pelo local ouve uma música da gente, acha legal e para! É uma oportunidade de apresentar nosso trabalho para pessoas novas, de faixas etárias e estilos diferentes. Como foi aqui nessa cidade gostosa. Maravilhoso!", exclama a vocalista.

Uyara conta que a banda que nasceu em 2009, com um projeto despretensioso. Em 2011 lançou na internet seu vídeo "Oração", que se tornou a vida do grupo. Foi o "boom" da carreira, que até hoje ela diz não entender porque para eles o que estava no vídeo era tão íntimo, onde passaram um final de semana naquela casa e o gravaram no dia do seu aniversário (6 de fevereiro).

"Eu estava ali com meus amigos, que por coincidência trabalham com arte, cinema, teatro, música, têm equipamentos e resolvemos que faríamos um vídeo. Então, talvez por ter sido um momento verdadeiro em nossa vida, genuíno, acho que ganhou o coração das pessoas", expõe a vocalista.

De lá pra cá dois álbuns foram lançados, um compacto vinil e um DVD e estão começando a gravar mais um disco. "Fizemos toda parte criativa que se direciona para alguns temas. Não temos critérios ao escolher uma música que fala disso ou daquilo, mas tem que ter muito a ver com a gente , de tentar ser feliz, viver as relações. Temos forte ligação com a natureza, então algumas canções falam de alguma forma dessa nossa filosofia de vida e, aquelas que me divirto em interpretar com o eu lírico feminino forte ", pontua a vocalista que esbanjou simpatia nos bastidores e no palco o tempo todo.

"A banda tem uma música calma, zen, gosotosa de ouvir. Sou fã e acompanho o trabalho deles há uns quatro anos", salientou o estudante Pedro Henrique Gazoni Ferreira, 16 anos, que foi um dos primeiros a chegar ao Parque do Povo e um dos últimos a ir embora.

 

Meninos do rock

A garotada da Nasty, com Rodrigo Fukuda (vocal), 20 anos, Vitor Freitas (guitarra), Bruno Yudi (guitarra), Marco Marmiroli (baixo) e Igor Brito (bateria), rumo aos cinco anos de carreira mostrou o que gosta de fazer: cantar rock.

Com influências variadas, os meninos mandaram bem com um repertório que foi dos anos 70 até 2000. "Eu, por exemplo, tenho uma pegada hard rock/blues, o Bruno já vem com um rock mais clássico, o forte do Vitor é o heavy metal e o Marco tem uma levada mais agressiva. Como a gente entende que tudo é rock sempre estamos trabalhando as músicas de todos os estilos sem nenhum preconceito, que foi o que trouxemos para a galera", ressaltou Rodrigo.

Conforme ele, é muito gratificante participar de um show dessa grandeza, na cidade que nasceram, cresceram e vivem até hoje. "É uma felicidade imensurável, pois a conquista no espaço do rock tem sido de muito trabalho, uma vez que em questão de produção, no cenário do rock não existe muito espaço no interior. Aqui mesmo contamos com o Trip Bar que tem uma abertura bacana para o estilo", frisa o roqueiro.

E foi por isso que a galera fez um show com a ideia de integrar as tribos do rock, pois segundo Rodrigo, mesmo dentro existe muito preconceito entre as ramificações do gênero, então é interessante que a galera se una para fortalecer a cena.

"Valeu Prudente!", agradece o vocalista da Nasty.

 

Rock pesado

A terceira atração que fez a galera ficar de boca aberta com a pegada pesada do rock and roll foi a banda Glória. Fundada em 2002, na cidade de São Paulo, por Maurício Vieira, o Mi (vocal), quando ele ainda integrava a Dance of Days, teve vários integrantes antes dessa formação, com Elliot Reis, (guitarra e vocal), Alexandre Peres Kenji (guitarra), Thiago Abreu ( baixo e Leandro Ferreira (bateria).

"A Glória começou essa caminhada com o NX Zero e, inclusive, com integrantes dessa banda, além do Eloy Casagrande, hoje Sepultura, entre outros. Nesse tempo todo aprendi muito com cada um que passou por aqui. A gente sempre aprende", acentua Mi.

Segundo o vocalista, o semblante às vezes cirrado, e que muitos dizem que eles fazem cara de mal, etc e tal,  é só uma coisa que o Glória leva para os palcos, pois eles são pessoas normais. " somos do bem, felizes, super família. Eu sou pai, temos uma vida como qualquer pessoa ", garante Mi.

Indagado sobre a caracteristica forte da banda, o metal pesado com letras cotidianas, Mi  comenta que percebe que sempre que o Brasil passa por uma crise política o rock se sobressai logo depois. "Acredito que o rock teve o seu momento e está voltando. É questão de trabalho, de momento. O funk, os vlogers estão ai bombando agora e a gente tem que respeitar quem está chegando. O momento atual", ressalta o vocalista experiente da Glória.

 

Mais shows

Além do palco externo a programação de sábado contou com "Uma Noite de Tango", da Cia. Tango e Paixão, e stand up com Varneci Nascimento, no Teatro Paulo Roberto Lisbôa, no Centro Cultural Matarazzo.

E no palco do Sesc Thermas os convites, dentro da capacidade do local, foram poucos para tanta gente que queria assistir ao show do cantor brasiliense Tiago Iorc.
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