A persistente queimada subterrânea na Vila Furquim, em Presidente Prudente, deixou de ser um episódio isolado para se transformar em um símbolo preocupante. Prestes a completar dois meses de emissão contínua de fumaça, possivelmente tóxica, o incêndio que consome silenciosamente um depósito clandestino de entulhos exige respostas rápidas, transparentes e coordenadas. E, sobretudo, exige debate qualificado.
A convocação de uma reunião emergencial interinstitucional para a próxima segunda-feira, dia 15, a pedido do Gaema (Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente) do Ministério Público Estadual, não acontece por acaso. É uma resposta tardia, porém necessária, à gravidade da situação. O promotor Gabriel Lino de Paula Pires foi enfático: é hora de encarar “a urgência e a gravidade da situação” e de “exigir coordenação institucional imediata”. Em outras palavras, não há mais espaço para improviso.
O encontro terá presença do Executivo Municipal, secretários municipais e representantes de órgãos como a Defesa Civil, o 14º Grupamento de Bombeiros e a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo). Todos são atores diretos na construção de uma solução efetiva para um desastre ambiental. A principal pauta: apresentar e discutir o Plano Emergencial Integrado, que precisa sair do papel com urgência.
Discutir o problema da queimada do Parque Furquim é essencial porque ele ultrapassa a dimensão ambiental: é uma questão de saúde pública, de segurança, de transparência administrativa e de respeito à comunidade. Moradores convivem diariamente com fumaça que invade casas, escolas e comércios. Crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias são forçadas a respirar um ar comprometido por uma queima tóxica cujos impactos ainda não foram completamente medidos.
O editorialismo se soma ao alerta das autoridades: não se trata apenas de extinguir uma chama subterrânea, mas de enfrentar a raiz do problema. A reunião do dia 15 precisa marcar um divisor de águas. Discutir o tema não é apenas importante. É urgente, é moralmente indispensável e é o primeiro passo para garantir que desastres como esse não voltem a se repetir.