Pessoas com deficiência têm pouco espaço no mercado

Em Prudente, o Núcleo Ttere, responsável pela profissionalização deste público, viabilizou emprego a cinco pessoas em 2017

PRUDENTE - ANDRÉ ESTEVES

Data 06/04/2017
Horário 08:55


De janeiro a março deste ano, cinco PCDs (pessoas com deficiência) conseguiram emprego por meio do Núcleo Ttere de Presidente Prudente, responsável por prestar serviço a 300 atendidos. De acordo com a orientadora social da entidade, Ana Cristina Fonseca Ornellas, o número demonstra como o mercado ainda está fechado para este público, pouco acolhido em função do despreparo das lideranças. "Falta entender que estas pessoas podem exercer uma atividade laboral como qualquer outro indivíduo, a única diferença é que o tempo delas é diferente, mas isso é uma questão de adaptação", expõe.

Jornal O Imparcial Núcleo Ttere busca a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho

A Unipode (União das Pessoas com Deficiências) foi, por muito tempo, uma ponte entre as empresas e o público em questão, contudo, em virtude das disposições da Resolução 109 do CNAS (Conselho Nacional de Assistência Social), que tipifica os serviços socioassistenciais por nível de complexidade, a instituição precisou readequar os atendimentos prestados para continuar recebendo verba federal. Por conta disso, foi necessário suspender temporariamente o trabalho voltado à inserção de PCDs no mercado. Conforme a coordenadora Patrícia Alves de Souza Belchior, a entidade pode realizar o serviço, mas, para isso, necessitaria de uma equipe de trabalho que não pode ser remunerada com o repasse do FNAS (Fundo Nacional de Assistência Social). "Temos um projeto de continuidade montado, porém, precisamos conseguir outros subsídios antes de nos estruturarmos", explica.

Para Patrícia, a grande dificuldade deste cenário é a falta de adaptação das corporações, que não oferecem acessibilidade para as pessoas com deficiência. A coordenadora concorda que o mercado não está aberto para elas e apenas fazem a contratação por causa da Lei Federal 8.213/91, a qual exige que empresas com quadro de efetivos superior a 100 funcionários reservem de 2% a 5% das vagas para PCDs. "Costumávamos receber muitas ligações de contratantes, mas o que eles procuravam eram pessoas com deficiência sem deficiência", salienta.

A psicóloga da Associação Filantrópica de Proteção aos Cegos, Bertiane Rodrigues Franco, por sua vez, afirma que a instituição faz a mediação com as empresas, entretanto, o mercado para pessoas com deficiência visual é "muito mais difícil". "Se forem contratar uma secretária, por exemplo, os empreendimentos precisam instalar um sistema digital que facilite o acesso dela ao computador", comenta. Apesar da limitação maior, há aqueles que conseguem uma vaga e, por conta disso, acabam se desvinculando da associação. "Já tivemos casos de alunos que trabalharam com jardinagem e até mesmo ensino do sistema Braille ou aqueles que montaram sua própria clínica em casa para fazer massagem", ressalta.

 
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