Álvares Machado foi palco de uma emocionante cerimônia de inauguração da Ponte Tsunagari, estrutura que passa a integrar o complexo do cemitério japonês local. O evento, realizado ontem durante o 105º Shokonsai, teve sua placa inaugural datada de 13 de julho de 2025, e reuniu autoridades, representantes da comunidade nipo-brasileira, descendentes de pioneiros e centenas de voluntários e convidados.
A solenidade teve início com a homenagem a Naoe Ogasawara, pioneiro responsável pela doação do terreno e implantação do cemitério. O neto, Atsushi Ioshi, participou do descerramento simbólico da placa inaugural. O cônsul-geral do Japão, Toro Shimizu, representado pelo cônsul Hattori, e o prefeito de Álvares Machado, Luiz Francisco Boigues (Chiquinho), também estiveram presentes, ao lado de lideranças como o deputado Mauro Bragato, e ex-prefeitos de Álvares Machado, e Carlos Noboyuki Utimura, presidente da Aceam (Associação Cultural, Esportiva e Agrícola Nipo-Brasileira de Álvares Machado).
A Ponte Tsunagari, cujo nome, conforme a descrição, significa “onde o tempo se encontra em meio à paisagem”, e que também foi referida como "Ponte Sulagare" com o significado de "onde o tempo se encontra e se eterniza", foi idealizada como símbolo de união, conectando não apenas margens, mas também gerações, histórias e esperanças. O projeto nasceu de desafios e sonhos compartilhados pela comunidade, com apoio de parceiros como Fernando Hungaro (empresa Ecopontes), responsável pela doação da mão de obra e material, e outros colaboradores como Bragato, o ex-prefeito Roger e o atual prefeito Chiquinho, que contribuíram para a realização da obra.
Durante a cerimônia, destacou-se o espírito de colaboração e voluntariado, com cerca de 300 pessoas envolvidas nos preparativos e na organização do evento, trabalhando desde a semana anterior. “Lançamos desafios e nossos parceiros sempre nos ajudam a transformar sonhos em realidade”, ressaltou o presidente da comissão organizadora , Luiz Takashi Katsutani , enfatizando a importância da colaboração para recepcionar as pessoas de maneira digna.
O evento foi marcado por momentos de emoção, como o ritual das velas, acompanhado por músicas de violino executadas pelo maestro Luizão, da Orquestra Camerata de Presidente Prudente. O maestro, que há dois anos tocava no ritual das velas no altar, expressou o desejo de tocar na ilha, o que motivou a construção da ponte, e cumpriu seu compromisso apesar de ter outro em Caraguatatuba. Os presentes puderam testemunhar o fenômeno místico das velas acesas nos túmulos, que, apesar de terem se apagado algumas vezes devido ao vento, eram esperadas para permanecer acesas integralmente após as 17h30, quando o vento cessaria, reforçando o caráter simbólico e espiritual da celebração.
Além da inauguração da ponte, a cerimônia foi permeada por agradecimentos aos antepassados e à cultura japonesa, destacando a importância de preservar tradições e valores herdados. “Nossa obrigação hoje é manter o patrimônio e a cultura, que é o mais importante. Perdeu a cultura, perde tudo”, afirmou um dos líderes da associação, ressaltando a riqueza da cultura japonesa e a gratidão ao Brasil.
A festividade contou ainda com a presença de autoridades regionais, representantes de associações e membros da comunidade, incluindo o prefeito de São Paulo, Antônio da Sada (conhecido como Ancha), e descendentes de japoneses que migraram para o interior paulista e outras regiões do Brasil. O evento reforçou a integração entre gerações e a gratidão ao Brasil, país que acolheu e permitiu o florescimento da cultura japonesa.
O brinde final com saquê selou o clima de gratidão e união, encerrando uma celebração que ficará marcada na memória da comunidade de Álvares Machado e de todos os presentes.
Fotos: Sinomar Calmona
A ponte e o lago são as novas atrações do Parque das Cerejeiras, ao lado do Cemitério Japonês de Álvares Machado