A violência doméstica continua sendo uma ferida aberta na sociedade brasileira. Dentro do espaço que deveria ser sinônimo de proteção e segurança – o lar – muitas mulheres enfrentam o oposto: o medo, a dor e a humilhação causada por aqueles que juraram amá-las. O caso registrado no sábado, em Presidente Venceslau, é mais um exemplo lamentável dessa realidade.
Na Vila Luiza, uma mulher sofreu agressões físicas do próprio companheiro. Socos no rosto e uma mordida na mão que sangrava expuseram não só a crueldade do agressor, mas também a vulnerabilidade em que milhares de mulheres se encontram diariamente. Felizmente, a vítima teve coragem de denunciar, e a Polícia Militar agiu com firmeza, autuando o indivíduo em flagrante. Contudo, é de conhecimento que essa é apenas uma batalha em uma guerra maior.
O problema da violência doméstica não é isolado nem pontual. Ele é reflexo de uma cultura enraizada no machismo, na desigualdade de gênero e na banalização do sofrimento feminino. O silêncio das vítimas, muitas vezes motivado pelo medo, pela dependência financeira ou pela pressão social, perpetua o ciclo de abusos.
Por isso, é fundamental que a sociedade como um todo assuma a responsabilidade de combater essa realidade. Não basta apenas punir os agressores – embora isso seja essencial –, é preciso prevenir, educar e apoiar. Governos, organizações não governamentais e a população devem trabalhar juntos para garantir que as mulheres se sintam seguras para denunciar e que tenham acesso a redes de apoio que as acolham e orientem.
Além disso, é preciso incentivar o debate sobre igualdade de gênero e respeito dentro das famílias, escolas e comunidades. Ensinar desde cedo que amor não é controle, que carinho não é violência e que respeito é a base de qualquer relacionamento saudável é o caminho para construir um futuro mais justo.
Às mulheres que enfrentam a dor do abuso, uma mensagem: vocês não estão sozinhas. Busquem ajuda, denunciem, confiem nas redes de apoio. A Lei Maria da Penha é uma aliada, e serviços como o 180 estão disponíveis para orientar e proteger.
Casos como o de Presidente Venceslau lembram que a violência doméstica não pode ser tratada como algo comum ou inevitável. É uma questão de direitos humanos e dignidade. Romper o silêncio é o primeiro passo, mas o compromisso de toda a sociedade é o que realmente pode transformar essa realidade.
Afinal, nenhum lar deve ser um lugar de medo.