As obras que contemplam a rede municipal de atendimento psiquiátrico de Presidente Prudente começam a "ganhar vida". A primeira inauguração ocorre nesta quarta-feira e diz respeito ao novo Caps 2 (Centro de Atenção Psicossocial), situado no Jardim Maracanã. O local, que era um antigo salão social e desde fevereiro vem passando por reforma e reestruturação, vai ser uma unidade de apoio e assistência psiquiátrica para adultos. Para as adequações e serviços diversos foram empregados cerca de R$ 94 mil, sendo R$ 87,5 mil de recursos do governo federal e o restante do município.
Segundo o gestor da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), Sérgio Luiz Cordeiro de Andrade, desde fevereiro o espaço conta com as ações para receber os serviços de psiquiatria. Entre as construções, o Caps terá um quarto com dois leitos para as pessoas que precisaram permanecer em observação.
Além deste, a cidade vai ganhar ainda o Caps 3, também direcionado para o atendimento ambulatorial de pessoas com transtornos psiquiátricos. A unidade será instalada no prédio do PA (Pronto-Atendimento) do Ana Jacinta, assim que a UPA (Unidade de Ponto-Atendimento) for inaugurada, ao lado do atual Pronto-Atendimento. Fora estes, a cidade terá cinco Residências Terapêuticas, para a ressocialização de pacientes internados no Hospital São João. Quando inauguradas, as casas vão comportar dez pessoas que vão morar nestes locais, tendo o suporte de profissionais.
O secretário informa que, no momento, seguem os trâmites de assinatura de contrato com o Ciop (Consórcio Intermunicipal do Oeste Paulista), que vai administrar os serviços e logo as transferências começarão. Vale lembrar que Prudente já possui um Caps Criança e Caps A/D (álcool e drogas).
O gestor ressalta que as obras seguem as novas medidas estabelecidas pelos governos federal e estadual quanto à política nacional de atendimento psiquiátrico. "A inauguração faz parte das inciativas que a Prefeitura assumiu", salienta.
Atendimento
O atendimento psiquiátrico tem sido alvo de discussões, dúvidas e protestos há meses. Isso devido à possibilidade de hospitais que prestam serviços no setor terem suas atividades encerradas, por causa do novo formato de ressocialização do paciente empregado pelos governos.
Uma nova discussão foi levantada, recentemente, pela prudentina Elza Bernardino da Silva Carvalho, 53 anos, no que se refere às vagas para consultas psiquiátricas na rede pública de saúde. Ela afirma que desde 2005 realiza acompanhamento psiquiátrico e faz uso de medicamentos. Mas, "há algum tempo procura uma consulta com médico especialista, mas não consegue".
A prudentina informa que dia 22 de outubro passou por uma consulta no AME (Ambulatório Médico de Especialidades) e a profissional que a atendeu explicou que o caso dela, que envolve questões de depressão, não requer acompanhamentos mais intensivos. Por isso foi orientada a buscar atendimento no Ambulatório Regional de Saúde Mental.
Ela diz que procurou a unidade no mesmo dia e foi informada que não tinha vagas com especialista, já que o médico atende a cidade e a região. Depois disso, Elza foi até o Palácio da Saúde – que é a UBS 1, no centro de Prudente – para buscar um medicamento e aproveitou para saber como poderia passar por uma consulta psiquiátrica. "Não consegui. Disseram que não tinha vagas", salienta.
Posicionamento
Questionado sobre o fato, Sérgio Cordeiro diz que "é estranho", visto que a cidade conta com oito médicos psiquiatras para prestar os atendimentos na rede municipal.
Já a pasta estadual, ao ser questionada sobre o ocorrido, garantiu que não procede a informação de que a paciente Elza Bernardino Carvalho está sem atendimento nas unidades estaduais. "Ela era atendida no Ambulatório de Saúde Mental até 2013 quando, por tratar-se de um caso de baixa complexidade, foi encaminhada para acompanhamento no município".
A pasta acrescenta que na semana passada, após agendamento via sistema online realizado pelo município de Prudente, ela passou por uma nova consulta de avaliação no AME Prudente. O diagnóstico foi realizado e a paciente foi encaminhada para acompanhamento em Unidade Básica de Saúde. A pasta esclarece ainda que Elza passou por entrevista com a assistente social do ambulatório e foi novamente orientada. "O caso não foi admitido na unidade por não ser a referência para esta situação", resume.