Professores eméritos da FCT/Unesp de Prudente

OPINIÃO - Marcos Alegre

Data 08/03/2018
Horário 15:55

“Meu caro professor; provavelmente o senhor não me conhece porque entrei na faculdade quando o senhor já havia se aposentado. Ouvia colegas falando do senhor e sempre com admiração e vim a conhecê-lo quando da sua assunção à direção da faculdade e passei a admira-lo pelos seus atos sempre imparciais e procurando atender a todos. Fiquei muito contente quando da encampação para Unesp (Universidade Estadual Paulista) do antigo Imespp (Instituto Municipal de Ensino Superior de Presidente Prudente). Inclusive quando soube de sua corajosa e humanitária ação para evitar prejuízos para o pessoal que vinha de lá, mais tarde terminado seu mandato eu via-o sempre por aqui quando o senhor se dispôs a trabalhar no pós-graduação, onde todos o admiravam pelo seus esforços para que seus alunos se saíssem bem.

Recentemente, fiquei sabendo que a FCT (Faculdade de Ciências e Tecnologia) iria homenageá-lo outorgando-lhe o título de emérito. No dia 8, fui com meu marido assistir a cerimonia. Assisti emocionada o seu discurso. Pensava que iria ouvir um enfadonho enunciar de realizações, como é costume nesses eventos. Mas o senhor surpreendeu a todos ao iniciar pela leitura, em vários tons, daquelas analogias e sua disposição de repartir com todos da faculdade um pedacinho de seu título e a afirmação de que ninguém faz nada sozinho, foi genial e eu adorei. Depois a leitura pelo Walmir daquele poema do senhor Antenor, que eu conhecia bem, e a citação de nomes de colegas professores, funcionários e alunos que partiram desta vida, e o seu pedido de um tempo para uma prece, uma oração para lembrar essas pessoas. Foi emocionante e eu não resisti e chorei. Vi que muitos outros, aberta ou disfarçadamente, choraram também.

Em seguida, a sua afirmativa que a família é muito importante na vida de uma pessoa e a formação de qualquer pessoa começa em casa com seus pais, e as diretrizes que seu pai, um simples pedreiro e sua mãe que chegou a ser lavadeira de roupas para ajudar no sustento do lar passaram valorizando a honestidade, a honradez e a importância de sempre fazer bem feito tudo que fizesse e viver caritativamente e sempre respeitando o outro, que foi o norte para seu modo de vida. Importante também realçar a sua preocupação com o futuro e o preparo dos jovens para enfrentar as dificuldades que surgirem. Achei interessante o senhor dizer que ninguém esta realmente formado, porque o conhecimento sempre está a frente da gente. A formatura na faculdade é apenas um degrau a mais que se sobe nessa escada que não tem fim e o que sabemos ao final de muitos anos de estudo pode resultar um bom livro, enquanto o que não sabemos é uma biblioteca inteira. Professor Marcos, o senhor disse que se sentia honrado em ser professor da Unesp de Presidente Prudente. E aqui, eu discordo, porque honraria maior é da Unesp que teve a sorte de contar em seus quadros figuras tão brilhantes como o senhor”.

Muito bem, a cidadã não quis se identificar, mas devo dizer que preciso de sua autorização para publicar seu texto e, ao mesmo tempo, informar que o galardão de emérito é concedido a professores aposentados e eu fui agraciado em 1982. Mas, por motivos que não valem a pena discutir agora, só recebi no dia 8 de setembro de 2010. É bom citar que estou bem acompanhado pelas colegas Ruth Kunzli, Thereza Marini, Helena Farias de Barros, salientando que o decano dos eméritos, Fernando Carlos Fonseca Salgado, faleceu há dois anos, infelizmente, mesmo porque ele era amigo de todo mundo e foi o primeiro professor da Unesp de Prudente e veio até aqui junto com o primeiro diretor verdadeiro fundador da antiga Fafi.

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