Professores recebem capacitação contra dengue

PRUDENTE - Jean Ramalho

Data 24/02/2016
Horário 09:11
 

Se o atual cenário da dengue em Presidente Prudente é apontado pelos órgãos competentes como uma "guerra", o mandado de prisão ao mosquito Aedes aegypti foi oficialmente expedido na tarde de ontem. Em uma reunião realizada nas dependências da Seduc (Secretaria Municipal de Educação), cerca de 50 pessoas, entre coordenadores pedagógicos, funcionários e professores comunitários vinculados ao projeto Cidadescola, participaram de uma oficina de confecção das armadilhas com garrafa pet, sob a orientação do geólogo Celso Tatizana. Agora, conforme a pasta, os docentes deverão aplicar os conhecimentos em sala de aula, a fim de disseminar o projeto pelas escolas da rede municipal de ensino.

Idealizada em meados do ano 2000, pelo professor Maulori Cabral, chefe do Departamento de Virologia do Instituto de Microbiologia Paulo de Góes, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), a armadilha consiste em uma garrafa pet cortada, lixada e colada, que se transforma em um recipiente de armazenamento de água com duas repartições. O primeiro em contato com o ambiente e o outro isolado, separados por uma tela de microtule.

Jornal O Imparcial Cerca de 50 pessoas participaram da oficina ministrada pelo geólogo Celso Tatizana

Conforme explica Celso Tatizana, o objetivo da armadilha é que a fêmea do mosquito Aedes aegypti, vetor da dengue, do zika vírus e da febre chikungunya, seja atraída pela água em estado de evaporação, de um local que acredita ser seguro para colocar seus ovos. Ainda segundo o especialista, a fêmea do mosquito precisa de sangue humano para reprodução. Depois de conseguir o sangue, a fêmea procura um recipiente com água para depositar em torno de 100 ovos por vez, na superfície interna do recipiente, pouco acima da lâmina d`água.

Atraída pela armadilha, a fêmea deposita seus ovos e, após a movimentação da água, os mesmos atravessam o microtule e ficam armazenados no ambiente inferior, rico em microrganismos, cujo crescimento é estimulado pela presença de ração de gato, arroz ou alpiste. Uma vez sob o microtule, os ovos eclodem e se transformam em larvas. Cerca de cinco dias depois, as larvas crescem e viram pulpas que, após sete dias, se transformam no mosquito, que por sua vez vive em média 30 dias.

 

Sala de aula


A reunião de ontem marcou a primeira atividade prática da frente de mobilização organizada por O Imparcial, juntamente com a Seduc e diversos setores da sociedade civil de Presidente Prudente. Na ocasião, em torno de 50 docentes de 31 escolas da rede municipal de ensino receberam a capacitação. Entre os presentes, a professora Elen Cristian, da Escola Municipal Professor Ivo Garrido, exalta a iniciativa. "É importante conscientizar a todos acerca do mosquito e de seus malefícios", comenta.

Para Elen, com o aprendizado ficará mais fácil ganhar a atenção dos alunos em sala de aula quanto ao problema do Aedes aegypti. "As aulas ficarão mais interativas, pois os alunos poderão navegar por meio do software e preparar suas próprias armadilhas", considera a docente. E essa maior atenção por parte dos alunos poderá refletir diretamente na rotina dentro de casa. "A finalidade é alcançar os pais. Então, uma vez o aluno aprendendo, os pais também serão alcançados", analisa a professora.

Experiente no quesito armadilhas, a professora Mara Lúcia Imada diz que já fez um teste com o instrumento em 2014. De acordo com ela, os objetos foram espalhados pela Escola Municipal Francisca de Almeida Góes Brandão, na Vila Liberdade, e teriam surtido efeito. "Conseguimos capturar diversos mosquitos e, com isso, os alunos puderam acompanhar seu ciclo de vida, desde a larva até o mosquito. Acredito que assim os alunos dão mais valor às suas responsabilidades de prevenção", afirma a docente.

 

Ambiente monitorado


Além da oficina de ontem, outros dois encontros estão agendados para apresentação das aulas de combate ao mosquito, por meio do software Visual Class. As aulas serão aplicadas nas escolas municipais Professora Odette Duarte da Costa, no Jardim Morada do Sol, no dia 26 deste mês, às 15h;  e José Soares Marcondes, na Vila Jesus, no dia 4 de março, às 10h e às 15h. Responsável pela oficina, Celso Tatizana reforça que apenas a armadilha não é eficaz. "Nossa ideia é utilizar a pedagogia para que o aluno tenha a tarefa de fiscalizar sua casa e incentivar seus pais. Mas só a armadilha não resolve, se todo o ambiente da residência não estiver monitorado pela própria família", salienta o especialista.
Publicidade

Veja também