O projeto Semear, que faz parte da 2ª Igreja Nova Jerusalém, de Presidente Prudente, vem acolhendo imigrantes e refugiados desde 2020. Atualmente, o projeto tem 82 famílias cadastradas, numa média de 5 pessoas por família. “O projeto Semear nasceu em 2020, durante a pandemia, a partir da mobilização de um grupo de amigos, sensibilizados com a morte de uma gestante haitiana. O caso despertou o desejo de agir e acolher imigrantes em situação de vulnerabilidade em Prudente”, explica a assistente social do projeto, Edileine Briguenti Freitas.
Segundo Edileine, o projeto atende principalmente haitianos e venezuelanos, mas também há argentinos, cubanos, equatorianos, colombianos. “Nós cadastramos as famílias fazemos entrevistas individuais, onde se escuta a trajetória daquelas pessoas desde o país de origem até a sua chegada. O acompanhamento é contínuo e humanizado”, afirma.
Além do acolhimento emocional e social, o projeto também atua de forma prática, oferecendo e articulando acesso a serviços essenciais por meio de parcerias estratégicas e da atuação em rede. De acordo com a assistente social, os principais apoios oferecidos são:
- Alimentação, itens de necessidade básica, móveis;
- Encaminhamento para serviços de moradia (em articulação com a Secretaria Municipal de Assistência Social), conforme a situação de vulnerabilidade apresentada;
- Encaminhamento para regularização de documentos, em parceria com a Toledo Prudente Centro Universitário, onde os estudantes atuam em um projeto de extensão para auxiliar os imigrantes;
- Encaminhamento para o mercado de trabalho, através de contato com empresários parceiros e também com a Prefeitura de Prudente.
Além da parte prática, os voluntários do projeto também têm à disposição curso de português e atividades culturais, oficinas de empreendedorismo, artesanato, culinária e informática, além do apoio jurídico, psicológico e médico. “Temos algumas parcerias muito importantes como a Unoeste [Universidade do Oeste Paulista], Toledo Prudente, Senai [Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial], Sesc [Serviço Social do Comércio], Prefeitura de Prudente e igrejas locais”, ressalta Edileine.
Mas, ela afirma que ainda há desafios no acolhimento a essas famílias. “A arrecadação de alimentos tem sido o nosso maior desafio, as doações caíram muito. Essa dificuldade não é exclusiva do Semear, mas também se reflete em diversos órgãos e organizações que atuam na política de assistência social. A redução das doações impacta diretamente a nossa capacidade de atender às demandas emergenciais das famílias imigrantes acolhidas. Apesar dos esforços e do envolvimento de voluntários e parceiros, a manutenção de estoques de alimentos para o atendimento regular tem sido uma preocupação constante”.
Edileine conta que um dos aspectos mais marcantes é o fortalecimento dos laços comunitários e interculturais entre os imigrantes acolhidos. “Mesmo pertencendo a diferentes nacionalidades e etnias como haitianos, venezuelanos, colombianos e argentinos, os participantes constroem relações de amizade, apoio mútuo e solidariedade. O convívio promove a empatia e o reconhecimento da experiência comum de viver longe da terra natal, da cultura e da família”.
Há cinco anos acolhendo imigrantes, o projeto Semear também guarda boas histórias – conquistas individuais e coletivas que refletem a potência do acolhimento aliado à formação e ao pertencimento.
Ela fala sobre um exemplo inspirador, de uma jovem venezuelana, aluna do curso de língua portuguesa, que frequentava as aulas com seus pais. Durante os encontros, a menina expressou o desejo de cursar pedagogia na Unesp (Universidade Estadual de São Paulo).
“Sensibilizada com sua motivação, uma das professoras voluntárias se ofereceu para prepará-la individualmente para o vestibular. As aulas aconteciam à noite. O sonho se tornou realidade – ela foi aprovada no vestibular e iniciou sua graduação, um feito que parecia inalcançável para ela”.
Essas conquistas individuais e coletivas refletem a potência do acolhimento aliado à formação e ao pertencimento. “Acreditamos que o verdadeiro impacto se mede não apenas pelo número de cestas básicas ou aulas oferecidas, mas pelas vidas transformadas, pelos sonhos realizados e pelos vínculos que florescem mesmo em solo estrangeiro”.
SAIBA MAIS
É possível contribuir com o Projeto Semear: siga, compartilhe e interaja no Instagram: @projetosemear.sinje. Cada curtida e compartilhamento ajuda a dar visibilidade à causa! Fale com os voluntários pelo WhatsApp: (18) 98121-8340. O projeto recebe doação de alimentos, roupas e móveis.
Fotos: Cedidas
Projeto Semear oferece curso de língua portuguesa, alimentação e acolhimento humanizado
Imigrantes têm atendimento médico e psicológico