Esporte era antes do nascimento de Edson, depois de Pelé, o futebol virou arte. E os gramados de Presidente Prudente, na época áurea do esporte bretão no município, com Corinthinha e Prudentina na elite do futebol paulista, serviram de tapete vermelho nas passagens do eterno camisa 10 do Santos pelas canchas prudentinas. De 1958 até 1967, Pelé jogou sete vezes em Presidente Prudente, balançou as redes em todas as partidas e anotou “apenas” 15 gols, média superior de dois por jogo.
Com grande contribuição de matéria veiculada em 2018 no blog de Osmar Gonçalo, do Bar do Osmar, e de informações colhidas junto ao professor Sérgio Roberto Cesário e ao radialista Luiz Semensati, a reportagem de O Imparcial traz um apanhado dos jogos em que Presidente Prudente teve a oportunidade de ter o Rei do Futebol escrevendo poesia com os pés nos gramados dos extintos estádios do Parque São Jorge e Félix Ribeiro Marcondes, da Apea (Associação Prudentina de Esportes Atléticos).
O primeiro jogo de Pelé em Presidente Prudente aconteceu no dia 21 de setembro de 1958 em um amistoso contra a Prudentina no Estádio Félix Ribeiro Marcondes. O jogo terminou 2 a 2 e o jovem de 17 anos, que meses antes acabara de conquistar sua primeira Copa, deixou o dele. Cerca de 4,5 mil pessoas estiveram presentes naquela data, ocasião festiva em que a Apea se preparava para comemorar 22 anos de existência no mês seguinte. Segundo o professor Sérgio Roberto Cesário, o gol anotado por Pelé entrou na contagem dos mais de 1,200 tentos feitos pelo eterno camisa 10 em sua carreira no futebol.
Era um domingo do dia 14 de agosto de 1960, quando mais de 10 mil pessoas se amontoaram nas tribunas do antigo Estádio do Parque São Jorge, onde hoje figura um shopping center no Jardim Cambuci, para assistir à peleja entre Esporte Clube Corinthians de Presidente Prudente, o Corinthinha e o esquadrão santista encabeçada por vossa majestade, Pelé. O Rei por sinal, aos 26 minutos do 1º tempo, fez o gol da vitória do Santos por 1 a 0.
Dois anos depois, em 5 agosto de 1962, o camisa 10 voltou a Prudente com aquele esquadrão histórico do Santos que meses antes havia copado sua primeira Libertadores, contra o Penãrol, do Uruguai. O jogo era diante da Prudentina, no Félix Ribeiro Marcondes, desta vez, válido pelo Campeonato Paulista daquele ano. Logo aos 3 minutos de jogo, Pelé abriu o placar. Pagão marcou o segundo da equipe da Vila Belmiro aos 26, também, da primeira etapa e fechou a conta.
No ano seguinte, em 5 de outubro de 1963, 9 mil pessoas acompanharam o duelo entre Prudentina e Santos, também pelo Paulistão daquele ano. Resultado: 3 a 1 para o Peixe. E Pelé? Anotou apenas dois. Em 64, mais um duelo. Porém, o camisa 10 estava machucado e não atuou.
A maior autuação do Rei do Futebol em Prudente aconteceu no dia 31 de outubro de 1965. Pelé marcou todos os gols do Santos na vitória por 5 a 2 contra a Prudentina. “Vi o Pelé virar o jogo, acho que marcou quatro ou cinco gols”, pontua o aposentado Izaias Gervazoni. A equipe de Prudente vencia o jogo por a 1 a 0 no primeiro tempo quando um fato curioso chamou a atenção dos torcedores naquele dia. “Em um chute, o Pelé pegou mal na bola e mandou lá nas piscinas. A torcida apupou. Nesse apupo, ele fez um sinal com a mão dando a entender ‘calma, tem muito jogo pela frente’. A partir daí a maionese desandou”, conta o radialista Luiz Semensati, que estava nas tribunas da Apea.
“A torcida gozou, vaiou. Efetivamente ele olhou para torcida, girou e fez um gesto com as mãos como quem diz ‘daqui a pouquinho eu vou encaçapar’”, ratifica o professor Sérgio Roberto Cesário, que se intitula como um antigo geraldino da Prudentina e esteve em grande parte dos jogos da equipe ao longo da década de 60. “Ele tinha dado dois chutes. Na terceira bola, ele encaçapou”, completa. Depois de colocar a primeira na casinha, o Rei fez mais quatro gols e saiu aplaudido pelo público.
As duas atuações de Pelé com a camisa do Santos aconteceram em 1966 e 1967 também contra a Prudentina. O placar foi o mesmo tanto em 66, quanto em 67. Repetiu-se também os gols marcados por Pelé. Dois em um ano, mais dois no segundo.
