Quanto tempo levará para a retomada da economia em Prudente?

Lideranças regionais comentam sobre o atual cenário vivido, as variantes que podem interferir nessa evolução econômica e apontam as expectativas futuras

REGIÃO - GABRIEL BUOSI

Data 23/05/2021
Horário 05:01
Foto: Arquivo
Retomada econômica em Prudente é analisada por especialistas
Retomada econômica em Prudente é analisada por especialistas

Para além dos problemas sanitários causados pela pandemia, a Covid-19 trouxe também reflexos para a economia mundial. Em virtude de inúmeras decisões tomadas por governantes, na intenção de conter o avanço do caos, a economia local entrou em queda e poderá levar um período significativo para se reestabelecer. Desta forma, a reportagem entrou em contato com representantes e lideranças de Presidente Prudente para ouvir quais as expectativas e previsões para os próximos meses e como acreditam que será a retomada dos setores da economia na maior cidade do oeste paulista.

A economista Josélia Galiciano Pedro comenta que Presidente Prudente é uma cidade muito forte em prestação de serviços e atividades ligadas ao comércio, de forma que essa sua característica a faz ficar dependente das tomadas de decisões em relação à abertura ou fechamento das atividades não essenciais. “Com essa recente e atual abertura, e também da fase de transição, a tendência é melhorar, mas tudo depende do que vai ocorrer agora depois do Dia das Mães, pois ainda não se sabe se teremos uma nova reclassificação de avanços ou de restrições”. Em curto prazo, a situação ainda está em aberto, mas a previsão em longo prazo é a de dias melhores.

A economista não deixa de mencionar que em países com o processo de vacinação acelerado já é possível ver impactos na redução dos efeitos da pandemia, já que o mercado tende a crescer com o retorno seguro das pessoas para suas atividades. “O Brasil tem dado um foco muito grande em pessoas, por exemplo, com mais de 60 anos e que geralmente não estão mais no mercado de trabalho, então há certa relação entre a vacinação massiva com essa boa retomada econômica”. Josélia aponta ainda que todo e qualquer incentivo dado às empresas por parte dos governos serão bem-vindos e importantes para este processo.

Recuperação em curso

Para o diretor regional do Ciesp/Fiesp (Centro e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Wadir Olivetti Júnior, de certa forma, este retorno econômico já teve início, o que faz com que os setores da economia tenham muitas expectativas em relação a este processo. Ele não deixou de apontar o Dia das Mães como a segunda maior data para o comércio de todo o país, e em especial de Presidente Prudente, que vive dessa atividade, e que tem efeito significativo no giro de capital da economia do oeste paulista. “Isso gera empregos e renda, o que é muito importante. Claro que ainda existe um receio de um novo fechamento das atividades, o que traz apreensão e cautela, e também prejudica os novos investimentos, mas é preciso ter esperança”.

A expectativa dele é de que em seis meses haja uma estabilidade econômica boa, caso haja um retorno fixo, gradativo e normal daqui para frente, situação essa que dependerá de algumas variáveis, como o incremente financeiro para empresários e famílias, como o oferecimento de empréstimos, financiamentos e demais ajudas que possam colaborar para o “respiro” da economia. “Muitas das tomadas de decisões foram imprudentes e prejudicaram a economia em diversas esferas. Além da saúde das empresas, essas decisões tiveram impactos também na saúde física e mental de milhões”.

Boa expectativa, mas com ressalvas

Para o presidente do Sinhores (Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Presidente Prudente), Rubens Afonso, desde que o setor consiga ampliar a abertura das atividades para até pelo menos 23h, já que atualmente é até 21h, e que a capacidade de público seja ampliada para pelo menos 40%, as expectativas de retomada econômica são boas. “Por outro lado há uma insegurança, pois se voltarmos para onde já estivemos, com tudo fechado e fases mais restritivas, será uma situação terrível e que prejudicará ainda mais o empresário e a economia local”.  Além disso, Rubens destaca a necessidade de que o crédito para o setor seja facilitado, além da necessidade de se diminuir os tributos. “Neste momento o que precisamos é de incentivo para mantermos nossas atividades”.

“Se Deus quiser até o fim do ano”

Um setor que acredita na retomada econômica até dezembro é o do comércio. Conforme o presidente do Sincomércio (Sindicado do Comércio Varejista de Presidente Prudente e Região), Vitalino Crellis, caso não haja uma regressão no Plano São Paulo e as portas dos comércios continuem abertas, a expectativa é a de um “respiro muito grande” para o setor. “O comércio é um dos carros-chefes da nossa cidade, então a chance de crescimento é muito grande. É claro que até o fim do ano não será uma retomada nos moldes de como era antes da pandemia, mas tende a ser boa”. Vitalino acredita ainda na ligação entre vacinação em massa e crescimento econômico, e diz que no momento é preciso que governantes se mobilizem para vacinar toda a população.

Próximos meses são promissores

Para o gerente regional do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) José Carlos Cavalcante, os próximos meses são bem promissores, a começar já por maio que teve o Dia das Mães. Ele traz dados do IC-MPE (Índice de Confiança de Micro e Pequenas Empresas) de abril, que apresentou uma alta de 6,6 pontos e atingiu o patamar de 88,1, de acordo com o estudo “Sondagem Econômica MPE”, realizado pelo Sebrae em parceria com a FGV (Fundação Getúlio Vargas). 

No estudo, depois de duas quedas seguidas, o setor de serviços deu sinais de reação. Com isso, o Índice de Confiança de Serviços de Micro e Pequenas Empresas avançou 4,6 pontos e atingiu o valor de 79,7 pontos, mas ainda se mantém em nível baixo historicamente. “Esse aumento da confiança dos empreendedores do setor se deve a uma melhora das expectativas de curto prazo”. Ele aponta, no entanto, que toda essa tendência dependerá dos programas de auxilio às empresas e campanha de vacinação.

“[...] Prudente é uma cidade muito forte em prestação de serviços e atividades ligadas ao comércio, o que a faz ficar dependente das tomadas de decisões em relação à abertura ou fechamento das atividades não essenciais”

 

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