Quaresma aumenta a procura por peixes em Prudente

Além do período de maior consumo de pescados, cenário também se deu diante do desempenho positivo da piscicultura brasileira em 2020, quando obteve crescimento de 5,93%

PRUDENTE - WEVERSON NASCIMENTO

Data 23/03/2021
Horário 04:03
Foto: Weverson Nascimento
Consumo de pescados é maior nas quartas e sextas-feiras para aqueles que guardam tradição religiosa
Consumo de pescados é maior nas quartas e sextas-feiras para aqueles que guardam tradição religiosa

A busca por pescados na Quaresma movimenta os supermercados e estabelecimentos especializados, pois é quando muitos consumidores deixam de comer carnes vermelhas. Neste ano, inclusive, os comerciantes prudentinos esperam um aumento nas vendas se comparadas com o início de fevereiro, uma vez que o consumo aumenta nas quartas e sextas para aqueles que guardam a tradição. O cenário próspero também se deu diante do desempenho positivo da piscicultura brasileira em 2020, quando obteve um crescimento de 5,93%, conforme estudo da Associação Brasileira da Piscicultura – PeixeBR. Com isso, a produção de peixes de cultivo saltou de 758.006 toneladas em 2019, para 802.390 toneladas no ano passado.
Quem segue à risca a tradição e os ritos da Quaresma, seja em oração, jejum e, principalmente, na substituição da carne vermelha, pode conferir uma variedade de produtos na Navio Rotisseria e Peixaria. Segundo o gerente comercial do estabelecimento especializado, Maciel Siqueira, acredita-se que, além da questão religiosa, é também uma questão cultural consumir o peixe durante o período da Quaresma e na Semana Santa, independentemente da religião. “Na Quaresma a gente percebe um aumento de 30% nas vendas, porque há um aumento no consumo do peixe nas quartas e sextas para aqueles que guardam a tradição. Já na Semana Santa, período que antecede a Páscoa, também por conta das tradições religiosas e culturais, as vendas passam de 100%”, explica.
Os peixes mais procurados, segundo o gerente, são aqueles de fácil preparo, sem espinhos e/ou pele. Além disso, a peixaria também oferta alternativas rápidas como peixes já temperados. No entanto, apesar de contar com vendas expressivas no período quaresmal, o comércio nas datas festivas de fim de ano tem se mostrado ainda mais promissor. “Temos um grande volume de vendas no Natal e ano-novo, até mais que na Quaresma”, explica o gerente comercial. Isso acontece porque alguns consumidores estão substituindo as carnes vermelhas por assados e pescados, o que inclui o bacalhau e o famoso camarão. 
No Supermercado Avenida, o gerente João Luis Nicolosi Gasparino explica que as vendas neste período chegam a triplicar, uma vez que os consumidores consomem mais peixes em decorrência da Quaresma. O preço atual dos pescados, segundo ele, não sofreu ajustes nestes dias de penitência e conversão, mas acompanhou a crescente do mercado brasileiro dos últimos semestres. Por lá, a venda do bacalhau é maior na Quaresma do que durante o ano todo, mas as merluzas acabam ganhando a mesa dos consumidores neste período.

Mercado próspero

Mas, para entender este mercado próspero é necessário voltar ao ano passado. Em um período marcado pelas incertezas e desafios, a piscicultura brasileira teve desempenho positivo em 2020, com crescimento de 5,93%, conforme a Associação Brasileira da Piscicultura - PeixeBR. Com isso, a produção de peixes de cultivo saltou de 758.006 toneladas em 2019, para 802.390 toneladas no ano passado. 
Com o cenário da pandemia mais ajustado, o segundo semestre de 2020 foi o melhor da piscicultura nos últimos anos. O consumo interno cresceu com consistência e o setor respondeu com maior oferta. Como resultado, os preços aos produtores ficaram em níveis consistentes e os elos da cadeia puderam não apenas recuperar os prejuízos da primeira parte do ano, mas avançar e “fechar o balanço no azul”, aponta o estudo.
O Estado de São Paulo, por sua vez, também registrou aumento na demanda de peixes de cultivo, o que proporcionou melhora nos preços aos produtores, de acordo com a Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento. O aumento da demanda, principalmente de filé de tilápia, durante a pandemia, incrementou novos investimentos na atividade paulista. Em números, São Paulo cresceu 6,9% no ano passado, alcançando 74,6 mil toneladas. Com esse desempenho, o Estado consolidou-se como o 2º maior produtor do país.
Recentemente, o IPS (Índice de Preços dos Supermercados), calculado pela Apas/Fipe (Associação Paulista de Supermercados/Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), apresentou também que as carnes bovinas e suínas registraram altas de 16,3% e 31,5%, respectivamente. Tal impacto foi ocasionado pelo crescimento dos custos de produção, o que inclui a alta nos insumos de ração animal como milho e soja, bem como a demanda internacional, uma vez as exportações têm sido impulsionadas pelo câmbio mais desvalorizado do real frente ao dólar. Desta forma, com o aumento dos cortes mais conhecidos de carne vermelha, os consumidores têm buscado por alternativas com valores mais atrativos, como os pescados.

SAIBA MAIS

A nutricionista Patrícia Zacharias destaca alguns pontos na hora dos consumidores escolherem o melhor peixe. “A princípio, a pele do peixe deve estar brilhante e a carne firme. No caso dos peixes inteiros, eles devem ter olhos bem brilhantes e as escamas devem estar bem aferidas à pele”, explica. O consumo, segundo ela, deve ser de pelo menos duas vezes na semana, podendo ser oriundo de água doce ou salgada, e rico em ômega 3. “O consumo de peixe ajuda na proteção do cérebro contra o envelhecimento natural do corpo, auxilia no controle da depressão nas doenças cardiovasculares, na saúde dos olhos e da pele. Mas, devemos evitar fritá-los. Cozidos, grelhados, assados ou ensopados são melhores para a saúde”, orienta.

NÚMEROS

SÃO PAULO: Produção da piscicultura 

74.600 t
2020

69.800 t
2019

73.200 t
2018

SÃO PAULO: Espécies mais produzidas em 2020

70.500 t
Tilápia 

3.500 t
Nativos

600 t
Outros

Fonte: PeixeBR

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