Quem paga o pato?

OPINIÃO - Arlette Piai

Data 23/05/2017
Horário 12:39

A empreiteira Odebrecht é especializada em vender mão de obra, principalmente para construções. Teve seu início em 1918 e tem sobrevivido há quase um século. Com a chegada dos militares ao poder, em 1964, cresceu brutalmente tornando-se uma corporação gigante quando ganhou o contrato para construir a sede da Petrobras no Rio de janeiro, depois o Aeroporto Internacional do Galeão, e a Usina Nuclear de Angra dos Reis. 

A “fusão” Odebrecht, Petrobras e a Lavajato foi considerada o maior escândalo que já ocorreu na história do planeta, embora não o único no Brasil. Marcelo Odebrecht, presidente da companhia, está preso e as declarações dele é chamada de “delação do fim do mundo”.

No esquema de corrupção da Odebrecht foram envolvidos políticos do Brasil, Angola, Argentina, Colômbia, República Dominicana, Equador, Guatemala, México, Moçambique, Panamá, Peru, Venezuela. Atingiu até Cingapura, para depois a grana voltar às mãos da tigrada faminta. De acordo com Monica Moura e o marido, eles próprios transferiram bilhões surrupiados para a Suíça e, de lá, os montantes tomavam outros rumos para que brasileiros não descobrissem o que acontecia. 

Marcelo Odebrecht declara que Lula, quando presidente, encarregou-se pessoalmente de arrecadar dinheiro sujo à campanha de eleição de Dilma e etc. Ele gerenciou a “conta corrente” de 150 milhões para o PT. O tráfico do “chefão”, segundo João Santana, formou quadrilha fazendo financiamento internacional com nosso dinheiro.

Sabemos que cada senador custa R$ 200 mil por mês da grana do trabalhador brasileiro. Só a cota parlamentar no congresso é de R$ 270 milhões por ano. Salário de cada parlamentar, R$ 34 mil por mês.  O suplente de senador também ganha, o suplente do suplente também. Temos o direito de exigir faxina no Congresso sem descartar a democracia, que não obstante, suas limitações nos permite descobrir falcatruas. Só o regime democrático possibilita investigações.

A Suécia, por exemplo, dá lição de democracia para o mundo, mas um dia fora também corrupta, e vencendo esse crime hediondo deixou de ser uma nação pobre, para se transformar em uma das mais justas, sustentáveis, transparentes e democráticas do mundo.

Num encontro promovido em São Paulo, o cônsul geral da Suécia, Renato Pacheco Neto, destacou a importância da educação para o crescimento de qualquer país. Apontou três eixos que alicerçam uma democracia de fato: educação, transparência e igualdade de direitos. Não temos nenhum dos três.

E agora para tremer, vem ainda a notícia avassaladora de Michel Temer (PMDB) com a suposta compra de Eduardo Cunha (PMDB) por R$ 500 mil semanais durante 20 anos, enviados à prisão em troca de silêncio. É o trabalhador brasileiro quem “paga o pato” deste quadro de horrores, de crimes hediondos, praticados por aqueles que se dizem representantes do povo. 

A soma dos males em que vivemos é um terremoto na alma de cada brasileiro, mas poderá vir a ser o início de um novo Brasil. Um país consciente, em que jamais se votará para eternizar políticos no poder. Um Brasil, cujos eixos solidifiquem a democracia sem salafrários e sem “Tiriricas” no poder. São tempos de crise, difíceis e de dor, que fazem a nação crescer. “Não é a dor que cura, mas sim a utilização inteligente dela.”, afirma Augusto Cury. Temos que nos salvar deste grande e inusitado naufrágio. Que Deus abençoe o povo brasileiro.

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