Redução na velocidade gera reclamação de usuários

PRUDENTE - Jean Ramalho

Data 16/02/2016
Horário 09:31
 

Com as obras de modernização e melhorias autorizadas oficialmente em meados de janeiro, a Rodovia Assis Chateaubriand (SP-425) sofreu uma drástica redução em seu limite de velocidade na última semana. A velocidade máxima da rodovia foi reduzida para 60 km/h em todo o trecho de obras, que vai do km 418, em Teçaindá, distrito de Martinópolis, ao 523,4, em Itororó do Paranapanema, distrito de Pirapozinho, na divisa com o Estado do Paraná. Entre os usuários, a mudança gerou polêmica, principalmente pelo fato de a redução ter sido implantada sem pelo menos um aviso prévio.

"Quem costuma trafegar pela via todos os dias não percebe as placas. Eu mesmo não tinha visto", confessa o caminhoneiro Ari Gonçalves, 46 anos. Morador do Estado do Paraná, o caminhoneiro conta que passa pela via pelo menos uma vez por semana, há 27 anos. Por isso de sua estranheza quanto à redução da velocidade permitida. "Acho estanho mudar assim, do dia para noite, sem nem ao menos avisar. Quando é assim tem que ser feita uma campanha de conscientização entre os motoristas", acredita o paranaense.

Divididas em três lotes, as obras de recuperação e duplicação da Assis Chateaubriand foram iniciadas em dezembro de 2015, conforme o DER (Departamento de Estradas de Rodagem). Entretanto, o anúncio do empreendimento foi feito oficialmente apenas na primeira quinzena de janeiro, pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). O investimento total é de R$ 364,2 milhões, financiados pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).

De acordo com o DER, a redução na velocidade máxima foi necessária justamente em função das obras de recuperação e duplicação da rodovia. Ainda conforme o órgão, a medida segue orientação do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) e tem como objetivo garantir a segurança dos usuários, motoristas e operários durante o período de obras.

 

Fluxo de veículos


Para os usuários, além da surpresa com a diminuição, que em alguns trechos caiu de 100 km/h para 60 km/h, o grande problema é justamente a nova velocidade que, de acordo com eles, seria incompatível com o fluxo de veículos da via. "Acredito que 60 km/h é muito devagar para essa rodovia. Por aqui trafegam muitos caminhões carregados, então, segurar a velocidade baixa vai ser difícil", prevê o caminhoneiro Reginaldo Aparecido Correia, 38 anos. "Não somos contra reduzir a velocidade, mas se tiver que diminuir, que diminua próximo dos locais com obras e não na rodovia inteira", completa Ari Gonçalves.

Outro problema apontado pela categoria são as multas, que devem se multiplicar em virtude da redução. Conforme o DER, "a via encontra-se sinalizada, conforme determina a legislação de trânsito", sendo assim, o órgão salienta que no período de intervenções, "a fiscalização na rodovia será realizada por meio de radares portáteis das equipes da Polícia Militar Rodoviária". "Não temos o que fazer, o negócio é obedecer e manter a velocidade baixa. Caso contrário, teremos que trabalhar para pagar as multas", considera Reginaldo Aparecido Correia.

 

Preço


A opinião da dupla de caminhoneiros do Paraná é semelhante à do presidente do SETCAPP (Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas de Presidente Prudente), Antonio Carlos Fernandes. Proprietário de uma empresa de transportes, o sindicalista relata que já baixou uma norma em sua empresa obrigando que seus caminhões trafeguem dentro do limite de velocidade. "Baixamos uma normativa interna para que nossos motoristas respeitem a lei. Mesmo que isso gere atrasos nas entregas das mercadorias. Orientamos nossos funcionários e estamos aconselhando nossos associados a fazer o mesmo", afirma Antonio.

Mesmo com os contratempos, o presidente do sindicato comemora o início da execução das obras e prevê uma melhoria considerável no cenário do transporte de cargas na região, principalmente após a finalização do empreendimento, previsto para julho de 2017. "Vai melhorar em tudo. Melhores condições na via refletem em menos manutenção nos caminhões que, consequentemente, reduzem os valores dos fretes. Então todos ganham. A redução na velocidade é o preço que temos que pagar pela melhoria", ressalta.

 
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