Região é destaque em casamentos com maridos mais jovens

REGIÃO - Mariane Gaspareto

Data 20/03/2016
Horário 13:39
 

A 10ª RA (Região Administrativa), cuja sede é Presidente Prudente, tem a segunda maior proporção de casamentos entre mulheres mais velhas que seus parceiros entre as RAs do Estado. Conforme o Boletim SP Demográfico 1, divulgado neste mês pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), a RA de Bauru tem a maior proporção de casamentos em que as esposas são mais velhas (26,9%), seguida por Prudente (26,7%), enquanto a de Registro apresentou a menor proporção (23,3%).

A pesquisa se baseia nos dados das estatísticas de casamentos no Estado em 2014, ano em que São Paulo teve a maior ocorrência de registros desde 2000, com 297.477 casamentos. Apenas na região de Prudente, o número de casamentos realizados alcançou 6.138, enquanto a capital do oeste paulista registrou sozinha 1.916.

Jornal O Imparcial Maria e Luiz têm 20 anos de diferença na idade, mas isso não altera o sentimento do casal

Apesar da região se destacar nos casamentos em que as parceiras têm idade maior, a faixa etária média ao casar dos homens ainda é maior de modo geral, sendo de 33,6 anos, enquanto a das mulheres é de 30,7 – uma diferença de 2,9 anos em média.

Maria Alice Trevisan, 61 anos, e Luiz Américo Vidal de Jesus, 41 anos, estão dentro da estatística de casais em que o marido é o mais jovem. A diferença de 20 anos entre os dois, que estão juntos desde 1996, no entanto, não altera o sentimento e o laço profundo formado entre eles. "Nós nos damos muito bem, andamos juntos, e ele não tem vergonha nenhuma de sair comigo, independente do preconceito. O que as pessoas pensam não nos influencia, não damos bola para a opinião alheia", afirma a esposa.

Maria Alice relata que não encontrou em seu primeiro marido, o que encontrou no atual companheiro. "Eu não tinha carinho, dedicação, parceria e a confiança que agora eu tenho", declara. O seu companheiro, Luiz, também não vê nenhuma diferença em seu relacionamento ou no que sente por sua esposa, mesmo sendo 20 anos mais jovem do que ela. "Nós estamos juntos porque queremos estar, eu não olho para a idade dela, mas para as suas qualidades, que foi o que nos levou a construir uma vida juntos", diz.

 

Análise


O sociólogo e educador Luiz Antônio Sobreiro Cabreira esclarece que para analisar os dados apresentados pelo estudo, pode-se usar como parâmetro o fenômeno sociocultural do significado do casamento. No passado, segundo ele, o matrimônio estava intimamente relacionado à instalação da mulher em um novo núcleo familiar. "De certa maneira, se passava o domínio do pai para o marido, e por isso, muitas vezes, essa figura masculina substitutiva era mais velha do que a mulher, pois esse era o contexto cultural, a visão do homem mais velho como o provedor", explica.

Atualmente, entretanto, diversos elementos ressignificaram esse casamento, como a inserção da mulher no mercado de trabalho, no ensino superior, e tudo que integra o processo de emancipação da mulher. "Com os movimentos de igualdade de gênero, se extinguiu esse fenômeno cultural, e o casamento deixou de ser esse rito cultural para se tornar uma realização pessoal dos casais", expõe o sociólogo.

Já em relação à distribuição dos casamentos segundo sexo e estado civil, no ano retrasado a maioria (77,2%) dos homens que casaram era de solteiros, seguida pelos divorciados (20,5%) e os viúvos (1,9%). Quanto às mulheres, a maioria também fica para as solteiras (80%), com uma tava de viúvas que se casaram pouca coisa maior (2%) e de divorciadas que casaram novamente, menor (17,6%).

Sobre isso, Cabreira ressalta que não há pesquisa em âmbito nacional que possa ser utilizada como base para a análise desses indicadores, mas que estudos fora do país indicam que a mulher se casa mais por um aspecto afetivo e amoroso, enquanto o homem não necessariamente tem essa motivação. Isso indica, portanto, que companheiros divorciados já encerrem seus casamentos com um outro relacionamento em vista, enquanto as mulheres demoram mais ou levam mais tempo para encontrar um novo parceiro, o que poderia explicar o indicador das divorciadas que se casam pela segunda vez ser inferior ao dos divorciados.
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