Região tem 2ª menor taxa de crescimento populacional

Todavia, para Cabreira, o dado é plenamente aceitável na relação entre campo e cidade, estando dentro da normalidade, visto que a região é representativa na produção agrícola.

PRUDENTE - Mariane Gaspareto

Data 20/05/2015
Horário 08:45
 

A região de Presidente Prudente teve a segunda pior expectativa de crescimento populacional do Estado nos últimos cinco anos, conforme estimativa realizada pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados). A taxa de crescimento populacional da 10ª RA (Região Administrativa) entre 2010 e 2015 foi menor do que 0,40%, dado que ficou atrás ao apresentado por 11 regiões administrativas e duas regiões metropolitanas. Apenas a RA de Registro teve um dado pior do que o de Prudente (cuja taxa foi de 0,10%). Para o sociólogo Luiz Sobreiro Cabreira, a pequena taxa de crescimento indica um panorama socioeconômico desfavorável, consequência de uma escassa oferta de emprego.

O trabalho analisou o incremento populacional para os 645 municípios paulistas e revelou 114 taxas negativas, ou seja, de decréscimo de população. A pior delas foi de Flora Rica (-1,18%), município da região de Presidente Prudente, resultando em uma população de 1.654 habitantes em 2015 contra 1.752 em 2010. A reportagem tentou contatar o prefeito Paulo Rogério Florentino de Faria (PSD) para repercutir a pesquisa, no entanto, não obteve sucesso.

Jornal O Imparcial Índice de crescimento da população da 10ª RA do Estado foi menor do que 0,40% ao ano

Para Cabreira, o crescimento populacional sempre está relacionado à consolidação de um programa socioeconômico, o que leva a crer que há elementos inibindo esse desenvolvimento na região prudentina. "Quando a região mostra o aparecimento de novos postos de trabalho por meio de indústrias ou empresas, há sinal de prosperidade socioeconômica", explica.

No entanto, para o sociólogo, o número de novas empresas e indústrias instaladas nos municípios regionais não tem sido significativo, e "se não há política pública de incentivo duradoura, não há avanços nesse sentido". Ele ressalta ainda que o comércio regional, principal fonte de renda e emprego da população, não apresenta ascensão de postos de trabalho e se estabilizou. Cabreira, por outro lado, admite um certo nível de migração universitária para Presidente Prudente, por exemplo, por ter três grandes instituições educacionais. No entanto, esclarece que esse fenômeno é cíclico e estável. "Essas pessoas vêm, estudam, mas não fixam moradia se casando e tendo filhos aqui. Eles se qualificam e vão buscar emprego em outros mercados de trabalho, pois o município nem sempre atende a demanda apresentada", explica. Outro fator que influencia no decrescimento populacional, segundo o sociólogo, é a queda na fecundidade no país, de forma geral, resultado do aumento do custo para manutenção de filhos, consolidação da emancipação feminina.

Ainda de acordo com o estudo elaborado pela Fundação Seade, a região de Prudente está entre as três RAs com mais de 10% de sua população vivendo em áreas rurais, ou seja, os menores percentuais de população residente em área urbana. Todavia, para Cabreira, o dado é plenamente aceitável na relação entre campo e cidade, estando dentro da normalidade, visto que a região é representativa na produção agrícola.

 

Pesquisa

A projeção se baseou em dados do Censo de 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), época em que a população das 53 cidades regionais era de 833.530 pessoas. A pesquisa realizada pela Fundação Seade analisa a dinâmica populacional a partir dos principais componentes responsáveis pelo seu crescimento, que são fecundidade, migração e mortalidade.

Apesar de o estudo estimar um crescimento de 1,7 milhão de pessoas no Estado (0,87% ao ano) nos últimos cinco anos, chegando a 43 milhões de pessoas em 2015, a taxa de crescimento foi inferior às registradas nos quinquênios 2000-2005 (1,18%) e 2005-2010 (1,01%). Nessa década, segundo o a estimativa, as maiores taxas de crescimento estiveram associadas aos municípios onde foram instaladas unidades prisionais – a exemplo de Pracinha, que esteve entre as três cidades do Estado que apresentaram as maiores taxas de crescimento, com 7,09% ao ano.
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