Saúde mental: Prudente chega a 38,8 mil atendimentos prestados pelo Caps, entre janeiro e julho

Rede pública atende moradores com sofrimento psíquico ou transtornos mentais severos e persistentes, sem a necessidade de encaminhamento formal

PRUDENTE - MELLINA DOMINATO

Data 16/08/2025
Horário 04:23
Foto: Reprodução/Google Maps
Em Prudente, são quatro centros disponíveis: Capsi II, Caps II, Caps III e o Caps AD III
Em Prudente, são quatro centros disponíveis: Capsi II, Caps II, Caps III e o Caps AD III

Um total de 38.825 atendimentos foram prestados pelas quatro unidades do Caps (Centro de Atenção Psicossocial), em Presidente Prudente, entre janeiro e 15 de julho. O número é 10,9% menor que os 43.612 auxílios feitos no mesmo período do ano passado, mas 223,5% mais alto, em relação aos 12 mil serviços realizados no primeiro semestre de 2023. 
Segundo a Presidente Prudente, qualquer morador pode buscar espontaneamente o auxílio dos Caps, unidades que fazem parte da rede pública de saúde mental e estão abertas para receber pessoas com sofrimento psíquico, transtornos mentais severos e persistentes, ou com problemas relacionados ao uso de álcool e outras drogas, sem a necessidade de encaminhamento formal.

O Executivo explica que o acompanhamento no Caps não tem um tempo máximo predefinido. “Ele pode durar o tempo que for necessário, de acordo com a avaliação da equipe multidisciplinar e a evolução do quadro clínico da pessoa”, pontua.

O centro, conforme a administração municipal, trabalha com a reabilitação psicossocial, ou seja, busca a autonomia e a reintegração social da pessoa. “Quando esses objetivos são atingidos, pode-se pensar em alta, seguimento na atenção básica em saúde. A equipe revisa regularmente o PTS [Projeto Terapêutico Singular]. Atingindo os objetivos e a estabilidade do quadro psicopatológico, a pessoa pode acessar a alta, a mudança de modalidade de cuidado [como para a atenção básica] ou à continuidade no Caps”, detalha, ao frisar que a alta não significa fim de cuidados, mas, sim, a transição para outro tipo de acompanhamento, geralmente na atenção primária à saúde.

Unidades do município

Em Prudente, são quatro centros: Capsi II, Caps II, Caps III e o Caps AD III. O Capsi II atende crianças e adolescentes que apresentam intenso sofrimento psíquico decorrente de transtornos mentais graves e persistentes, incluindo aqueles relacionados ao uso de substâncias psicoativas, residentes no município. 

O Caps II atende adultos em intenso sofrimento psíquico decorrente de transtornos mentais graves e persistentes residentes nas regiões oeste e norte da cidade, enquanto o Caps III acolhe os moradores das regiões leste e sul. Já o Caps AD III atende pessoas adultas, com os mesmos sintomas, mas estes relacionados ao uso de substâncias psicoativas. 

O município ainda possui uma UAI (Unidade de Acolhimento Infantojuvenil) que acolhe até 10 crianças e adolescentes, entre 10 e 18 anos, referenciada pelo Capsi II, além de uma UAA (Unidade de Acolhimento Adulto), que atende até 10 adultos, referenciada pelo Caps Ad III, conforme critérios da Portaria 121/2012 (acolhimento voluntário, uso abusivo de substâncias psicoativas e situação de vulnerabilidade social e familiar), sendo a indicação do acolhimento exclusivamente pela equipe técnica do centro de referência. 

A cidade também conta com seis residências terapêuticas, com 10 moradores cada. Este serviço é destinado para internação de longa permanência, de dois anos ou mais ininterruptos, de egressos de hospitais psiquiátricos. 

SAIBA MAIS

Conheça os serviços disponibilizados pelos Caps:

- Acolhimento inicial: primeiro atendimento, por demanda espontânea ou referenciada, incluindo as situações de crise no território. Consiste na escuta qualificada, que reafirma a legitimidade da pessoa e/ou familiares que buscam o serviço e visa reinterpretar as demandas, construir o vínculo terapêutico inicial e/ou corresponsabilizar-se pelo acesso a outros serviços, caso necessário;

- Acolhimento diurno e/ou noturno: ação de hospitalidade diurna e/ou noturna, realizada nos Caps como recurso do PTS (Projeto Terapêutico Singular) de usuários, objetivando a retomada, o resgate e o redimensionamento das relações interpessoais, o convívio familiar e/ou comunitário;

- Atendimento individual: atenção direcionada aos usuários visando à elaboração do PTS ou do que dele deriva. Comporta diferentes modalidades, incluindo o cuidado e o acompanhamento nas situações clínicas de saúde, e deve responder às necessidades de cada pessoa;

- Atenção às situações de crise: ações desenvolvidas para manejo das situações de crise, entendidas como momentos do processo de acompanhamento dos usuários, nos quais conflitos relacionais com familiares, contextos, ambiência e vivências causam intenso sofrimento e desorganização. Esta ação exige disponibilidade de escuta atenta para compreender e mediar os possíveis conflitos e pode ser realizada no ambiente do próprio serviço, no domicílio ou em outros espaços do território que façam sentido ao usuário e a sua família e favoreçam a construção e a preservação de vínculos;

- Atendimento em grupo: ações desenvolvidas coletivamente, como recurso para promover sociabilidade, intermediar relações, manejar dificuldades relacionais, possibilitando experiência de construção compartilhada, vivência de pertencimento, troca de afetos, autoestima, autonomia e exercício de cidadania;

- Práticas corporais: estratégias ou atividades que favoreçam a percepção corporal, a autoimagem, a coordenação psicomotora, compreendidos como fundamentais ao processo de construção de autonomia, promoção e prevenção em saúde;

- Práticas expressivas e comunicativas: estratégias realizadas dentro ou fora do serviço que possibilitem ampliação do repertório comunicativo e expressivo dos usuários e favoreçam a construção e a utilização de processos promotores de novos lugares sociais e a inserção no campo da cultura;

- Atendimento para a família: ações voltadas para o acolhimento individual ou coletivo dos familiares e suas demandas, que garantam a corresponsabilização no contexto do cuidado, propiciando o compartilhamento de experiências e de informações;

- Atendimento domiciliar: atenção desenvolvida no local de morada da pessoa e/ou de seus familiares, para compreensão de seu contexto e de suas relações, acompanhamento do caso e/ou em situações que impossibilitem outra modalidade de atendimento;

- Ações de reabilitação psicossocial: ações de fortalecimento de usuários e de familiares, mediante a criação e o desenvolvimento de iniciativas articuladas com os recursos do território nos campos do trabalho/economia solidária, habitação, educação, cultura, direitos humanos, que garantam o exercício de direitos de cidadania, visando à produção de novas possibilidades para projetos de vida;

- Promoção de contratualidade: acompanhamento de usuários em cenários da vida cotidiana – casa, trabalho, iniciativas de geração de renda, empreendimentos solidários, contextos familiares, sociais e no território, com a mediação de relações para a criação de novos campos de negociação e de diálogo que garantam e propiciem a participação dos usuários em igualdade de oportunidades, a ampliação de redes sociais e sua autonomia;

- Fortalecimento do protagonismo de usuários e de familiares: atividades que fomentem: a participação de usuários e de familiares nos processos de gestão dos serviços e da rede, como assembleias de serviços, participação em conselhos, conferências e congressos; a apropriação e a defesa de direitos; a criação de formas associativas de organização. A assembleia é uma estratégia importante para a efetiva configuração dos Caps como local de convivência e de promoção de protagonismo de usuários e de familiares;

- Ações de articulação de redes intra e intersetoriais: estratégias que promovam a articulação com outros pontos de atenção da rede de saúde, educação, justiça, assistência social, direitos humanos e outros, assim como com os recursos comunitários presentes no território;

- Matriciamento de equipes dos pontos de atenção da atenção básica, urgência e emergência, e dos serviços hospitalares de referência: apoio presencial sistemático às equipes que oferte suporte técnico à condução do cuidado em saúde mental por meio de discussões de casos e do processo de trabalho, atendimento compartilhado, ações intersetoriais no território, e contribua no processo de cogestão e corresponsabilização no agenciamento do projeto terapêutico singular;

- Ações de redução de danos: conjunto de práticas e de ações do campo da Saúde e dos Direitos Humanos realizadas de maneira articulada inter e intrassetorialmente, que busca minimizar danos de natureza biopsicossocial decorrentes do uso de substâncias psicoativas, ampliar o cuidado e o acesso aos diversos pontos de atenção, incluídos aqueles que não têm relação com o sistema de saúde;

- Acompanhamento de serviço residencial terapêutico: suporte às equipes dos serviços residenciais terapêuticos, com a corresponsabilização nos projetos terapêuticos dos usuários, que promova a articulação entre as redes e os pontos de atenção com o foco no cuidado e no desenvolvimento de ações intersetoriais, e vise à produção de autonomia e à reinserção social;

- Apoio a serviço residencial de caráter transitório: apoio presencial sistemático aos serviços residenciais de caráter transitório, que busque a manutenção do vínculo, a responsabilidade compartilhada, o suporte técnico-institucional aos trabalhadores daqueles serviços, o monitoramento dos projetos terapêuticos, a promoção de articulação entre os pontos de atenção com foco no cuidado e nas ações intersetoriais, e que favoreça a integralidade das ações;

- Unidades de Acolhimento: acolhimento transitório por até seis meses considerando o conceito de “habitar”, um dos eixos centrais nos processos de reabilitação psicossocial, integrado ao cuidado do Caps de referência e da rede de serviços intersetorial;

- Residências Terapêuticas: Modalidade de moradia destinada àquelas pessoas com maior grau de dependência, que necessitam de cuidados intensivos específicos, do ponto de vista da saúde em geral, que demandam ações mais diretivas com apoio técnico diário e pessoal, de forma permanente. O encaminhamento de moradores para SRTs tipo II deve ser previsto no projeto terapêutico elaborado por ocasião do processo de desospitalização, focado na reapropriação do espaço residencial como moradia, na construção de habilidades para a vida diária referentes ao autocuidado, alimentação, vestuário, higiene, formas de comunicação e aumento das condições para estabelecimento de vínculos afetivos, com consequente inserção dos mesmos na rede social existente.

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