Será que conseguiremos nos livrar da conquista indigesta desse vice?

OPINIÃO - Wilson Kunze

Data 18/11/2023
Horário 04:45

Acredito que você está se perguntando: Mas somos vice em que? Calma, vou explicar e garanto que esse vice é preocupante, tanto para o presente como para o futuro. Segundo pesquisa da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o Brasil é o segundo país com o maior percentual de jovens na faixa etária entre 18 e 24 anos, que não estuda e nem trabalha, a chamada geração “nem-nem”. Abrangendo um total de 37 países, o nosso país aparece em segundo lugar, atrás somente da África do Sul, que lidera o ranking, com 46,2% de “nem-nem”. No Brasil, em 2022 o percentual de “nem-nem” era de 31%, saltando para 36% em 2023. 
Embora o termo “nem-nem” possa parecer pejorativo à primeira vista, é importante compreender que a situação desses jovens é resultado de uma complexa interseção de fatores sociais, econômicos e individuais.
Primeiramente, é crucial destacar que a geração “nem-nem” não é homogênea. Ela engloba indivíduos com uma variedade de históricos pessoais e experiências de vida. Alguns podem estar desempregados devido à falta de oportunidades econômicas em suas regiões, outros podem ter abandonado os estudos por razões diversas, como problemas de saúde, responsabilidades familiares ou dificuldades acadêmicas e ainda existem os que simplesmente não querem estudar e nem trabalhar, pois acreditam que o esforço não é gerador de recompensa.  
É importante ressaltar que muitos jovens da geração “nem-nem” enfrentam barreiras significativas para a inserção no mercado de trabalho ou para a continuidade dos estudos. A falta de experiência profissional e de qualificação muitas vezes torna difícil conseguir um emprego, especialmente em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo. 
A educação desempenha um papel fundamental na vida desses jovens, pois ela pode abrir portas para oportunidades de emprego melhores e proporcionar um futuro mais estável. No entanto, o acesso à educação de qualidade nem sempre é equitativo, e muitos jovens enfrentam desafios, como a falta de recursos financeiros, escolas de baixa qualidade e sistemas educacionais inadequados. 
Além dos fatores socioeconômicos, a geração “nem-nem” também é influenciada por mudanças culturais e tecnológicas. A sociedade contemporânea oferece uma série de distrações e alternativas ao trabalho e à educação formal, como a crescente presença das mídias sociais e da cultura digital. Isso pode levar alguns jovens a adiar ou abandonar responsabilidades tradicionais em favor de uma busca por gratificação imediata e entretenimento.
Todas essas questões requerem compreender as razões por trás de suas escolhas e oferecer apoio adequado. Isso pode incluir a criação de programas de capacitação profissional, a conexão da educação com a realidade do dia a dia do mercado de trabalho e o desenvolvimento de políticas públicas que abordem as desigualdades econômicas e sociais. Será que conseguiremos nos livrar da conquista indigesta desse vice?

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