Sintrattepp não descarta nova paralisação total de ônibus 

Greve parcial chegou ao 35º dia nesta terça-feira; reportagem acompanhou a situação enfrentada pelos usuários em Prudente

PRUDENTE - WEVERSON NASCIMENTO

Data 21/07/2021
Horário 05:12
Foto: Arquivo/Weverson Nascimento
Atualmente, 50% dos veículos estão circulando em horário de pico, e 35% nos demais períodos
Atualmente, 50% dos veículos estão circulando em horário de pico, e 35% nos demais períodos

A paralisação parcial no transporte coletivo urbano em Presidente Prudente chegou ao 35º dia nesta terça-feira. Atualmente, 50% dos veículos estão circulando em horário de pico, e 35% nos demais períodos. No entanto, uma vez que o atraso no pagamento dos benefícios aos colaboradores se estende, o Sintrattepp (Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Terrestres de Presidente Prudente e Região) não descarta uma nova paralisação total.  
Por meio de nota, a Prudente Urbano informou que até o presente momento a empresa não foi comunicada de nenhuma medida efetiva do poder concedente para resolver o impasse com a categoria ou mesmo para garantir o transporte público municipal, com o devido equilíbrio contratual previsto, mesmo no 35° dia em que se perdura a situação de greve.
“Lamentamos o transtorno à população e aos nossos trabalhadores com o descaso que o transporte público vem sendo tratado pelo poder concedente. A empresa, como de costume, sempre colabora com a atuação da Semob [Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana e Cooperação em Segurança Pública], [inclusive], em vistoria realizada nesse domingo”, pontuou. Na sequência, a Prudente Urbano afirmou que ainda não foi comunicada sobre a avaliação realizada na vistoria da Semob, mas, por mais uma vez, “parabeniza a Prefeitura” por sua atuação na constatação de consequências provenientes do desequilíbrio contratual e o impacto que elas representam para a prestação do serviço de transporte coletivo municipal.
A Prefeitura de Presidente Prudente, por sua vez, informou que seguem em andamento os trabalhos da comissão nomeada para averiguar o serviço de transporte coletivo no município. “Neste domingo, houve mais uma diligência, onde foram apurados in loco as condições dos veículos disponíveis na empresa”, detalhou. Os resultados dessa e das demais fiscalizações serão descritos em um relatório a ser divulgado após a conclusão dos trabalhos, acrescentou o Executivo.

Impacto aos usuários

Na tarde desta segunda-feira, a reportagem seguiu até o Prático Prudente Urbano, localizado na Avenida Brasil, para ver de perto a situação enfrentada pelos usuários do transporte coletivo em Prudente. A empregada doméstica Aparecida Pereira de Carvalho, detalha que mora no Conjunto Habitacional Ana Jacinta e utiliza o transporte para ir até o centro, local onde trabalha. Contudo, o impasse gerado pela greve parcial faz com que ela fique sem saber o horário do qual poderá retornar para casa. “Tenho que ficar esperando, pois não tem um horário definido. Não posso chegar em um ponto às 14h, por exemplo, e ficar sem saber se vou conseguir retornar para casa”, detalha. “É necessário que tudo se resolva o mais rápido possível”, acrescenta. 
A dona de casa Rosangela da Conceição Oliveira mora no Distrito de Eneidaa e vai com frequência ao centro de Prudente para levar a filha, que tem deficiência, para fazer fisioterapia. “Tenho uma filha especial e esses dias não tinha ônibus para a gente voltar embora. Eu precisei pagar R$ 50 para um motorista de aplicativo. Hoje [segunda-feira], um deles me disse que dava R$ 48 para eu voltar para casa, mas eu não tenho condições”, relatou.
Rosangela também detalhou que o primeiro ônibus passa no distrito onde mora por volta das 6h, contudo, relembra que parte dos serviços começa a funcionar por volta das 9h em Prudente. “Nós duas esperamos horas e horas até as coisas abrirem. Mas, eu compreendo a situação enfrentada pelos motoristas e dou todo apoio para eles nesta greve. Eles não merecem trabalhar de graça”, enfatiza. 
A empregada doméstica e moradora do bairro Ameliopolis, Edileusa Vieira Correia, detalha que por lá ocorre superlotação no transporte coletivo nas primeiras horas do dia. “Mas, a minha maior dificuldade é quanto à retirada da linha das 17h, que retornava ao meu bairro. Agora eu só consigo voltar para casa no ônibus das 19h15, que chega lá por volta das 21h”.
Na busca de compreender a realidade em outros pontos da cidade, a reportagem seguiu até a Praça Monsenhor Sarrion, no centro de Prudente. Lá encontrou a também empregada doméstica Joseilde Freitas, a qual detalhou que os dias de greve têm atrapalhado sua rotina para chegar aos locais onde trabalha. Moradora do Conjunto Habitacional Ana Jacinta, muitas vezes acaba fazendo o percurso entre as residências a pé, uma vez que o valor de transporte pago pelos contratantes é depositado no sistema de cartão automático da Prudente Urbano. “Eu vinha de van, mas tinha que pagar em dinheiro. Também não dá para depender de corridas de aplicativo, pois nem sempre encontro alguém para dividir a corrida”. 
O autônomo Erasmo Carlos da Silva lamenta a situação do transporte coletivo na cidade. “O transporte nesta situação é uma vergonha para um município do tamanho de Prudente. A gente depende de ônibus para muitas coisas e não dá para usar apenas aplicativos de viagens”, detalha. Erasmo também reforça que voltar para sua residência, que fica Jardim Sabará, tem sido uma grande dificuldade. “Já fiquei no ponto mais de três horas esperando um ônibus. Ninguém merece essa situação”.

Fotos: Weverson Nascimento 

usuários relatam dificuldades com transporte coletivo de presidente prudente
Aparecida: “É necessário que tudo se resolva o mais rápido possível”

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Rosangela vai ao centro levar a filha para fazer fisioterapia

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Edileusa: “Só consigo chegar ao meu bairro por volta das 21h”

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Joseilde encontra dificuldades para usar o passe da concessionária 

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Erasmo: “Já fiquei no ponto mais de três horas esperando um ônibus”

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