Guiado pela paixão pelos cavalos e pela herança tropeira, o tropeiro Odair José Borges, 51 anos, deixou a cidade de Junqueirópolis na madrugada de ontem, com destino à tradicional Cavalgada da ExpoAgro de Anhumas, marcada para este domingo. A aventura, que atravessa quase 100 km (quilômetros) de estrada rural, envolve 46 animais entre cavalos e burros, a esposa Juliana, os filhos Lucas (15) e Maria (12), e o amigo e veterano de comitiva, Sebastião, 75 anos.
“É uma alegria estar nessa estrada com minha família, amigos e minha tropa. Isso aqui é manter viva a alma do campo”, disse Odair durante a viagem, em áudio enviado à reportagem.
A jornada foi cuidadosamente planejada. A tropa saiu às 4h da manhã de ontem, passou por Eneida, onde pernoitou na casa do amigo Djalma, e seguiu hoje rumo a Regente Feijó, onde descansarão no sítio do Rubens da Cirandinha. Neste sábado, a comitiva percorre os últimos 11 km até Anhumas, chegando a tempo da concentração da cavalgada.
“Tamo indo pros Além de Eneida hoje [quinta], 50 quilômetros. Amanhã [hoje], Além de Regente, 40. E sábado, é só chegar em Anhumas. Eita trem bão!”, relatou Odair, no tom animado que o caracteriza.
A estrutura da comitiva inclui paradas programadas para descanso, hidratação e alimentação dos animais, respeitando os limites de uma viagem que exige preparo, experiência e muito zelo.
A ideia de cruzar a região a cavalo surgiu após um convite do prefeito de Anhumas, Adailton César Menossi, um entusiasta da cultura rural. A cavalgada da ExpoAgro é considerada um dos momentos mais esperados da festa, reunindo comitivas de toda a região. A chegada da tropa de Odair é cercada de expectativa. A imponência dos animais, o espírito familiar da comitiva e a fidelidade às raízes tropeiras prometem encantar o público e resgatar memórias de uma época em que o cavalo era o principal elo entre distâncias e destinos.
A travessia liderada por Odair simboliza mais do que um deslocamento entre cidades. É um ato de preservação cultural. Em tempos de velocidade e tecnologia, ele escolheu o caminho do barro, da poeira e do trote firme — para mostrar que o respeito às origens, ao animal e ao campo seguem vivos.
“É muito mais que uma cavalgada. É uma lição de história, de identidade e de amor pelo sertão”, disse um morador de Anhumas à espera da comitiva.