A ultramaratonista de Presidente Prudente, Geane Francisca Pereira, brilhou no 23º Campeonato Brasileiro de Atletismo Master, realizado de 5 a 7 de setembro no Cepeusp (Centro de Práticas Esportivas da Universidade de São Paulo). Representando o Estado de São Paulo, ela voltou para Presidente Prudente com três medalhas: ouro no Revezamento 4x400 m (metros), prata na Marcha Atlética e bronze no Lançamento de Dardo. Além disso, conquistou o 4º lugar nos 200 m e 400 m e o 5º no Lançamento de Peso.
Geane, que integra a APA (Associação Prudentina de Atletismo) / TCPP (Tênis Clube de Presidente Prudente) / Semepp (Secretaria Municipal de Esportes de Presidente Prudente), destacou que o evento reuniu cerca de 450 atletas de 21 Estados brasileiros, entre 35 e 95 anos, transformando-se em uma verdadeira celebração da longevidade e da superação no esporte.
Desafios inéditos! Apesar do currículo nas ultramaratonas, essa foi a primeira vez que Geane competiu em várias das modalidades em que se inscreveu. Eu só havia praticado em treinos e nos Jogos Regionais. A mais difícil foi a marcha atlética, por ser muito técnica. Como treino pouco, porque meu foco é a ultramaratona, quis encarar exatamente por ser desafiadora. Gosto de desafios”, contou.
Seu maior receio era não concluir a prova corretamente. “Na marcha, não pode andar nem correr, não pode flutuar, e é obrigatório manter sempre um pé em contato com o chão [bloqueio]. O calcanhar deve entrar primeiro, um passo de cada vez. Eu tinha treinado no máximo dois meses. Achei que não conseguiria, mas no fim foi uma experiência maravilhosa”, explica ela relembrando o quanto foi gostoso.
Mais do que resultados, Geane voltou transformada pelas histórias que ouviu e viveu no evento. Ela se encantou com a disposição de atletas de 80 e 90 anos. Como exemplo, citou uma senhora de 86 anos, que parecia ter “roubado” décadas da idade de outra pessoa. “Perguntei a ela de quem tinha roubado esses 86 anos [risos]. Porque não parecia ter nem 50. Mas isso é o esporte que tem esse poder de te transformar, de manter você viva, saudável, bem, jovem!”, afirma.
Outra experiência incrível que ela teve foi com uma atleta de 91 aos que venceu um câncer sem abandonar os treinos, por cinco anos. “Ela contou que durante todo o tratamento nunca deixou de treinar. É tanta história de superação que a gente volta mais forte. Faz acreditar que desistir nunca é uma opção. No master, só se ouve inspiração e exemplos de vida. É inacreditável! Nunca ouve uma pessoa reclamar disso ou daquilo”, explana.
Para Geane, as competições são o que a mantêm ativa e disciplinada. Porque quando a pessoa apenas pratica atividade, muitas vezes fica com aquela preguicinha de ir e tal. Agora quando tem uma competição, tem a obrigação de treinar. “Não tem como. E você se mantém motivada. Eu sempre faço inscrições em provas, algumas já tenho agendada: vou fazer essa, essa... Porque é uma maneira de eu me manter ativa de certa forma. Embora eu não seja profissional, sou amadora e pratico como um hobby. Me sinto muito bem. O esporte me faz muito bem”, coloca a atleta, que já vislumbra o Master da Caixa, em Bragança Paulista, no mês de novembro.
O próximo objetivo já está no radar: o Master da Caixa, em novembro, em Bragança Paulista. “Ainda não fiz a inscrição, mas já li o regulamento. Meu treinador, Eliseu Sena, sabe que treino dentro das minhas possibilidades, conciliando com trabalho e estudo. Ele sempre me lembra: ‘curta a prova, se divirta’. Foi assim que encarei o Brasileiro”, acentua.
As conquistas não eram o foco principal de Geane. De acordo com ela, sua meta nessa prova estava em se apresentar como a atleta do interior de São Paulo. E queria sentir. Estar dentro do maior evento. Sua primeira meta era com o Dardo. “Eu não queria errar. Consegui validar todas as tentativas. Mesmo não sendo grandes distâncias na marcha, minha meta era não tomar cartão amarelo, vermelho. Nem ser desqualificada. E conclui sem nenhuma punição. As medalhas foram consequência”, vibra as conquistas.
Mais do que pódios, Geane voltou com novas histórias de inspiração, provando que no esporte, cada desafio é uma chance de crescimento — e cada conquista, um reflexo de coragem.
Fotos: Cedidas
Geane ladeada pelo gerente executivo do TCPP, Fábio, e o presidente Cremilson, que também é técnico da APA
Atletas no pódio de ouro do Revezamento 4x400