Depois de tomar uma bela sauna seca, me sentei perto do querido amigo Tadeu. Ceará com toda sua gentileza me serve um chá gelado. Uma delícia. Um dos pontos altos da sauna do Tênis Clube. O pessoal já está todo acomodado no lugar de sempre. Tadeu me pergunta se eu conheço a música “Concerto de Aranjuez”.
Puxa Tadeu, agora você foi fundo. Eu adoro esse clássico da música espanhola. Ele continua: Você que gosta de história, conhece a vida do compositor dela? E começa a me contar a história de vida desse compositor espanhol. Entre goles gostosos do chá, fui escutando o amigo Tadeu: Persio ele se chamava Joaquín Rodrigo. Nasceu em Valência, em 1901. Ficou cego aos 3 anos de idade após contrair difteria. Puxa Tadeu, que coisa mais triste. É Persio, mas o talento musical dele começou a se manifestar desde essa idade.
Aos 8 anos começou a estudar música. Foi para Paris e desenvolveu um estilo musical próprio misturando elementos da música folclórica espanhola com influências da música clássica francesa. Tadeu pra você ver que mesmo cego o cara se tornou um exímio pianista. O talento superando todas as adversidades. Que exemplo inspirador, né Tadeu? O pessoal da mesa estava em outra sintonia. E o papo musical continua. As composições dele eram mais para violões.
Tadeu, o grande violonista espanhol, Paco de Lucia, gravou esse clássico. Eu conheci essa música escutando Paco de Lucia na minha juventude. Tadeu continuou me contando a história desse grande compositor. Persio ele compôs, “Concerto de Aranjuez”, se inspirando nos jardins do Palácio Real de Aranjuez, que fica em Madri. É uma beleza de lugar, muito visitado por turistas do mundo inteiro. Tadeu esse clássico tem uma melodia lírica e evocativa. Como que ele conseguiu capturar a beleza e a tranquilidade do local, mesmo cego? Que sensibilidade, né. Uma riqueza harmônica sem igual.
Puxa Tadeu, além de um baita compositor, pianista, violonista, e apesar da sua deficiência visual, ele conseguiu construir uma carreira de sucesso e se tornar um dos compositores mais importantes da Espanha do século 20. E sua obra continua transcendendo fronteiras e gerações. Um exemplo de talento e perseverança. Persio, sua esposa que também era pianista, o ajudou a transcrever a partitura para o Braille. Que maravilha Tadeu, que história maravilhosa. Ainda bem que tenho amigos com gosto apurado para a música e pela história.
Tadeu me deu uma sugestão: Persio escuta essa música na voz da cantora mexicana, Guadalupe Pinada, considerada a Rainha do Bolero. Ok Tadeu, vou escutar. Ih Tadeu, chegou o generoso "Lamba" kkkk. Vai começar o banquete. Valeu Tadeu. É nóis.