A FCT/Unesp (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista), em Presidente Prudente, recebe nesta quinta e sexta, das 8h às 12h30, o 3º Seminário de Progresso do Projeto Temático HARPIA (Sensoriamento Remoto de Alta Resolução para Agricultura Digital). O encontro gratuito reunirá cerca de 40 pesquisadores de diferentes áreas para discutir como tecnologias de ponta, como sensoriamento remoto e inteligência artificial, podem tornar a agricultura mais produtiva, eficiente e sustentável.
Coordenado pelo professor Antonio Maria Garcia Tommaselli, do Departamento de Cartografia da FCT, o projeto é financiado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e integra especialistas de sensoriamento remoto, ciência da computação, agronomia e engenharia. “O Projeto Temático Sensoriamento Remoto de Alta Resolução para Agricultura Digital procura estudar e desenvolver novas tecnologias de obtenção de imagens, de dados de alta resolução, com vários tipos de sensores. Esses sensores que nós utilizamos conseguem ver com alto nível de detalhes o que o olho humano não consegue. Então, nós conseguimos detectar patógenos e pragas, estimar a produtividade e, com isso, o agricultor pode fazer uma interferência mais focalizada, melhorando o rendimento e a eficiência da sua agricultura”, explica Tommaselli.
Um dos destaques da programação do seminário será a sessão presencial e aberta ao público, na manhã desta quinta-feira, no Anfiteatro 1 da FCT/Unesp, que terá como tema central os sistemas de ILP (Integração Lavoura-Pecuária). O modelo é estudado há quase uma década na em uma fazenda experimental em Caiuá pelo professor Gelci Carlos Lupatini, docente do campus da Unesp em Dracena, em parceria com empresas e instituições de pesquisa.
O sistema ILP pesquisado em Caiuá alterna o cultivo de soja e o plantio de pastagem safrinha, seguido pelo pastejo de bezerros, formando o ciclo soja-pasto-soja, nomeado pela pesquisa de boi-safrinha. Essa prática melhora a fertilidade e a estrutura do solo, aumenta a infiltração de água, reduz a erosão e ajuda no controle natural de pragas e doenças. Com o apoio do Projeto HARPIA, desde 2023, drones e sensores foram incorporados para monitorar a produtividade da soja e a disponibilidade de forragem, otimizando o manejo do rebanho.
Segundo Lupatini, os resultados são expressivos: “O sensoriamento remoto do HARPIA permite monitorar a soja durante o enchimento de grãos, estimando produtividade com até 99% de precisão. Em áreas integradas, a produtividade da soja pode superar em até nove sacas por hectare as áreas convencionais. Já no pasto safrinha, conseguimos uma produção média de 10 a 11 arrobas por hectare, podendo chegar a 16 arrobas em anos ideais”, diz. E são esses resultados que vão pautar a mesa-redonda aberta ao público.
Para além dos ganhos econômicos, a integração lavoura-pecuária fortalece a resiliência do setor agrícola às mudanças climáticas e promove práticas mais sustentáveis. “É com essa visão ampliada, integrada, visão de uma harpia, que o Projeto Temático contribui para uma agricultura digital inteligente e sustentável”, resume Tommaselli.
Além da sessão sobre ILP, o seminário contará com palestras, mesas-redondas e tutoriais técnicos sobre caracterização espectral do solo, predição de produtividade de culturas (como batata-doce, soja, café e cana-de-açúcar) e uso de inteligência artificial na detecção de pragas. Todas as atividades serão transmitidas ao vivo pelo canal do projeto no YouTube (youtube.com/@harpia-unesp).
Foto: Comunicação/HARPIA - Evento discute sensoriamento remoto na agricultura
Foto: Marco Vinicius Ropelli - Projeto é coordenado pelo professor Antonio Maria Garcia Tommaselli