Valor da produção do algodão cai até 65,6%

Clima desfavorável, valores oscilantes e produção dependente de maquinário são fatores atribuídos ao decréscimo

REGIÃO -

Data 15/09/2018
Horário 08:54
Cedida/Lucas Carneiro - Produção de algodão não possui perspectiva de aumento na região, segundo especialistas
Cedida/Lucas Carneiro - Produção de algodão não possui perspectiva de aumento na região, segundo especialistas

O mercado do algodão no Brasil tem apresentado um cenário mais favorável em relação à produção de soja e milho. De acordo com o pesquisador Lucílio Rogério Aparecido Alves, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da USP (Universidade de São Paulo), a área de produção no Brasil, na safra de 2018/2019, será mantida, pois a cotonicultura é uma das mais rentáveis atualmente. No entanto, entre os anos de 2016 e 2017, nos EDRs (Escritórios de Desenvolvimento Rural) de Dracena e Presidente Prudente, a produção de algodão registrou uma queda de 22,55% e 65,65% no valor da produção, respectivamente. Já no EDR de Presidente Venceslau, foi constado um aumento de 10,6% no valor.

O diretor da Cati (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral) de Dracena, Luís Alberto Pelozo, atribui essa diminuição nos valores da produção à diminuição da área de plantio que, entre 2016 e 2017, reduziu de 100 para 45 hectares. O diretor diz que a mão de obra deste tipo de cultivo é cara e necessita de maquinários, por isso as áreas foram substituídas por pastagem, plantio de seringueiras, urucum e frutas. “A cada ano ocorre uma queda gradativa, por isso, para esse ano a perspectiva também é de queda”, afirma. 

Já na região do EDR de Presidente Prudente, o assistente agropecuário da Cati do município, Geraldo Rodrigues de Arruda Neto, a queda na área produzida foi de 1.222 para 682 hectares, e, consequentemente, a queda brusca no valor da produção está ligada a uma praga no solo, chamada Migdolus, que consiste em um inseto que come as raízes do algodão. “Além disso, a colheita se tornou mecanizada e para compensar o investimento nos equipamento, era necessário uma maior área de produção”, explica.

Para o produtor Lucas Carneiro Cordeiro, 33 anos, da cidade Martinópolis, a queda na produção é atribuída ao clima desfavorável do período em questão. Ele conta que seu pai cultiva algodão há 34 anos e é um dos maiores produtores de cotonicultura da região. “Neste ano, como o clima está mais favorável, houve um aumento de 30% no valor da colheita”, acrescenta.

De acordo com o assistente agropecuário da Cati de Rosana, pertencente ao EDR de Presidente Venceslau, Jorge Luiz Machado, o aumento da produção se deve também ao clima favorável do referente período. Entretanto, segundo dados analisados, houve uma queda na área de produção, que o assistente atribui a uma pequena correção na área. “Neste ano, será cultivada a mesma área, porém, não podemos estimar se haverá crescimento ou não”. Jorge explica que o resultado da colheita depende do clima, dos tratos culturais utilizados na plantação, entre outros fatores. “O preço também é outro fator que oscila muito, pois varia conforme o mercado, pois trata-se de uma cultura longa”, explica.

De acordo com o docente dos cursos de graduação e pós em Agronomia da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), Fábio Echer, o oeste paulista possui condições muito boas para o algodão, mas o planejamento para o plantio da cultura é essencial. “Para aqueles que pretendem plantar em áreas arrendadas, sugiro que façam a calagem/gessagem e o preparo convencional em setembro, além do estabelecimento de uma planta de cobertura como o milheto ou a crotalária”, orienta. Já em áreas próprias, o docente recomenda a irrigação, o plantio do milho consorciado com gramínea e leguminosas, e o estabelecimento de uma espécie de cobertura após a colheita, como as braquiárias, milheto, aveia preta ou tremoço.

ESTATÍSTICAS SOBRE A CULTURA DO ALGODÃO NA REGIÃO DE PRESIDENTE PRUDENTE (2016-2017)
EDR (Escritório de Desenvolvimento Rural) Dracena Presidente Prudente Presidente Venceslau Total
Área de produção (ha) 2016 100 1222 430 1752
2017 45 682 400 1127
Variação (%) -55,00 -44,19 -6,98 -35,67
Produção (@) 2016 5.200 221.500 44.350 271.050
2017 4.950 93.500 60.000 158.450
Variação (%) -4,81 -57,79 35,29 -41,54
Valor da produção (R$) 2016 R$ 186.628,00 R$ 7.949.635,00 R$ 1.591.721,50 R$ 9.727.984,50
2017 R$ 144.540,00 R$ 2.730.200,00 R$ 1.752.000,00 R$ 4.626.740,00
Variação (%) -22,55 -65,66 10,07 -52,44
Fonte: IEA (Instituto de Economia Agrícola)        
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