Com as medidas de flexibilização na pandemia, o Ancelmo Joelson resolveu sair da "toca" e foi almoçar em um restaurante localizado num shopping center da cidade. Sua esposa, dona Cleonice, lhe fez companhia.
O casal estava há um bocado de tempo trancado em casa com medo do coronavírus. "Já que abriu quase tudo, incluindo os restaurantes, vamos comer fora", falou para a mulher, que topou na hora.
Escolheram o melhor restaurante da praça de alimentação. O casal optou por um salmão assado com batatas. Ele pediu cerveja e ela optou por um refrigerante diet, pois estava de dieta.
Homem refinado e cortês, Ancelmo Joelson exagerou na cerveja, o que o levou várias vezes ao banheiro para "tirar a água do joelho", frase manjada pra cachorro, mas vá lá.
Cuidadoso e obsessivo por higiene, antes de deixar o restaurante foi mais uma vez ao banheiro. A mulher até reclamou. Ele não deu importância. Ao entrar no banheiro, ele empurrou a porta com o joelho e acendeu a luz com o ombro, repetindo ações anteriores. Um esforço hercúleo para evitar ser contaminado pelo coronavírus.
Na sequência, levantou a tampa da privada com o pé e deu a descarga com o cotovelo. Depois, ele abriu e fechou a torneira com o antebraço, coisa de Sansão ou de contorcionista. E pasmem: secou as mãos sem tocar no secador.
E foi em frente, ao contrário do Brasil. Puxou a porta com o bico do sapato e passou por todo o trajeto até à mesa sem tocar em nada. Todo mundo, porém, olhava para ele e dava risadas. Ao chegar à mesa, sua mulher estava mais brava do que onça com cria nova ou, se me permitem outro exemplo comparativo, estava mais brava do que o Bolsonaro com o Supremo.
Dona Cleonice brigou com o marido e quase saiu no tapa com o "conje", como diria o Moro. Foi aí que o Ancelmo Joelson se deu conta e entendeu o motivo da irritação da mulher e dos risos dos fregueses.
Ele fez tudo direito, seguiu o protocolo, mas se esqueceu do principal: não fechou a braguilha e deixou o bilau à mostra. Por pouco não foi em cana por atentado ao pudor.
DROPS
Quem ama o feio bonito lhe parece.
Homem que é homem não come mel. Come abelha.
Filme da Semana no Cine Brasil: "O Homem que Odiava os Pobres", estrelando Tchutchuca e grande elenco cafona.
O Brasil não precisa de novos humoristas, pois certos editorialistas são notáveis humoristas, principalmente quando dão conselhos à Casa Branca.