Toda vez que participo de uma feira de profissões, dessas que acontecem para as universidades apresentarem seus cursos de graduação a alunos do ensino médio, eu recebo esta pergunta: “Você gosta do seu trabalho?”
Vou relatar, então, uma resposta que dei semana passada.
Eu tenho 50 anos de idade. Sou jornalista e professor universitário.
Trabalho atualmente na Universidade Estadual de Londrina, no Paraná, e dou aulas no curso de Jornalismo, um sonho realizado desde quando fiz o mestrado em Comunicação nesta mesma universidade, ainda em 2008.
Mas minha carreira começou antes das salas de aula. Eu me formei 29 anos atrás, em 1996, e sempre atuei como repórter em redações de jornalismo diário. Comecei em jornal impresso e depois fui para televisão, onde fiquei a maior parte da minha carreira de produtor de notícias.
Aliás, é legal dizer que produzir notícias sempre foi a minha grande vocação e o principal motivo para que eu sempre me sentisse muito realizado profissionalmente.
E pega essa visão: esse é um dos poucos momentos em que a conta fecha na vida. Não importa o que tentem te fazer acreditar ou as pressões externas que sofra: você só será feliz mesmo no trabalho, fazendo o que ama fazer, atendendo o seu chamado, a sua vocação, para desenvolver com ela todos os dons e talentos que Deus te deu e que você, só você, sabe que estão aí dentro do seu coração.
Comigo foi assim e essa caminhada já seria ótima até que a vida me colocou em uma outra missão dentro do jornalismo: a de ser um formador de novos profissionais e desde 2005 eu atuo também com professor universitário.
Pois é, descobri que minha vocação não era apenas escrever, mas também ensinar e 20 anos depois de ter dado a primeira aula, não me vejo mais sem estar em sala, junto com meus alunos e alunas, não só ensinando e fazendo com que descubram e desenvolvam seus próprios dons e talentos, mas também aprendendo muito com todos.
Enfim, essa minha história com os dons e talentos não é digna de ganhar milhões de likes por aí e no fundo ela nem serve para isso, para ser midiática. Muito menos serve para dizer que consigo ser melhor do que alguém.
Ela serve sim para mim, para que eu possa entender que é preciso sempre honrar as competências e habilidades que recebi de graça, tive a graça de refinar, e que hoje estão a serviço da comunidade.
E, por fim, para que esta crônica não fique apenas com cheiro de rosas, o que vivi e fiz da minha vida profissional até agora me qualifica ainda para que eu possa me blindar de gente chata, invejosa e frustrada, que não perde tempo em tentar desqualificar os outros para justificar a própria miséria humana.
É tipo assim: quer falar mal de mim ou da minha profissão? Entra na fila e tenha paciência, porque no meu caso sendo jornalista e professor universitário, ela está dobrando o quarteirão.