Crianças e adolescentes na criminalidade

EDITORIAL - DA REDAÇÃO

Data 03/05/2020
Horário 04:39

É visível a participação de crianças e adolescentes no mundo do crime. Furtos, roubos e tráfico de drogas estão entre os atos infracionais mais praticados pelos menores de idade, conforme análise das ocorrências da região de Presidente Prudente que chegam ao conhecimento da reportagem. Apesar de praticados pelos menores, por trás de algumas ações existem chefes no comando que, por meio de ordens, incentivam os jovens a praticarem os atos – dependendo da situação, queira ele ou não.

Vale destacar alguns fatores que propiciam a entrada da criança ou adolescente na criminalidade. O mais comum talvez seja a questão da vulnerabilidade social, ou seja, pessoas que estão em processo de exclusão social. Apesar de o assunto ser muito falado, a sociedade pouco faz para que haja mudança no cenário, a começar pelos próprios julgamentos em relação ao modo de vida dessas pessoas. Aliada a este problema, existe também a desestrutura familiar, que pode ser desencadeada pela vulnerabilidade e aos fatores socioeconômicos que abrem portas para que o jovem ganhe dinheiro fácil.

É uma espécie de cadeia: quem vive nestes locais, geralmente nos bairros periféricos, convive com criminosos que incentivam os delitos, pois são espelhos para quem já está acostumado a conviver neste ambiente. Consequentemente, os mais novos serão aliciados, estes aliciarão outros e, assim, torna-se um ciclo. Nesta semana, a reportagem noticiou a apreensão de um menino de 12 anos que conduzia uma moto, segundo ele, de origem ilícita, e que confessou a venda de drogas. Levanta-se a questão: será que um jovem desta idade teria realmente consciência para “atuar” como um adulto? É claro que não. Há “gente grande” por trás disso que alimenta a prática delituosa. Ele pode ter sido obrigado ao serviço, como pagamento de dívida, por exemplo, ou entrou pela vulnerabilidade a que está exposto.

São necessárias medidas urgentes para tirar o menor desta situação, ou o clico continuará crescendo e levando mais e mais crianças ao mundo do crime. Uma das alternativas – e que já é bem vista em complexos de favelas, é a inserção em projetos sociais. Dá resultado? Sim. Mas depende da motivação própria e dos profissionais que atuam na área para que o menor se sinta acolhido e consiga acreditar na transformação da vida. De nada adianta tirar o jovem da rua, se não há bons exemplos e, principalmente, incentivos a ele e à família. Enquanto parte da sociedade julga, a outra pode contribuir fazendo a diferença.

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