Ex-tesoureiro relata desvios de caixa em Prefeitura

Gentil Dias Martins, 72 anos, foi exonerado no decorrer da operação que investiga suposto desvio de aproximadamente R$ 556.362,02 do Executivo em Emilianópolis

REGIÃO - ROBERTO KAWASAKI

Data 20/08/2019
Horário 08:47

A Polícia Civil continua investigando o suposto desvio de aproximadamente R$ 556.362,02 em recursos da Prefeitura de Emilianópolis. O valor foi verificado durante visita periódica de representantes do Tribunal de Contas, com base em documentos e Portal da Transparência. Na Operação Tríade-Emília, desencadeada em junho deste ano, o então tesoureiro do Executivo, Gentil Dias Martins, foi afastado provisoriamente da função. O caso está em segredo de Justiça. Porém, no documento ao qual a reportagem teve acesso, o investigado relata que desvios no caixa da tesouraria já vinham sendo feitos desde administrações anteriores.

Gentil foi tesoureiro da Prefeitura de 2001 a abril de 2019. Apesar de estar aposentado, continuava exercendo o cargo. Segundo a declaração, o ex-prefeito Agamenon Pereira da Silva, que exerceu o cargo entre 2013 a 2016, solicitava valores ao investigado, de R$ 500 a R$ 600, que eram repassados em espécie com o compromisso de devolução posterior. Conforme a declaração, após o falecimento do prefeito, coube a Gentil justificar as retiradas.

À medida que os débitos foram aumentando, não houve como compensar os valores registrados anteriormente. Durante o mandado de busca e apreensão, a polícia também encontrou diversos carnês de IPTU (Imposto Territorial e Predial Urbano) validados, bem como cheques pré-datados.  No termo de declaração, o ex-tesoureiro alegou que desde 2001 autenticava carnês de parceiros da Prefeitura, que efetuavam pagamentos por meio de emissões de notas de compras que o Executivo fazia nas empresas dessas pessoas. No decorrer do inquérito, outras pessoas foram ouvidas e a polícia não descarta um desmembramento de outra operação.

Exoneração

Devido à investigação, o tesoureiro da Prefeitura, Gentil Dias Martins, 72 anos, que atua no cargo desde 2001, foi demitido e exonerado. Na época, o advogado Emir Alfredo Ferreira, do Departamento Jurídico da Prefeitura de Emilianópolis, informou que foi aberto processo administrativo disciplinar para investigar o suposto desvio de dinheiro. “O Tribunal de Contas do Estado nos comunicou que o suposto crime ocorria desde 2014, mas, até então, a diferença não havia sido apontada no relatório do exercício anterior”, afirma.

Em junho, foram apreendidos documentos na sede do Executivo e na residência do ex-tesoureiro. Ainda, foi determinada a quebra do sigilo bancário e fiscal, bem como o sequestro dos bens de Gentil. Conforme o delegado Claudinei Alves, o inquérito já está em fase de conclusão.  A reportagem entrou em contato com o advogado Emerson Almeida Nogueira, que atua na defesa de Gentil. Ele informou que acompanha o inquérito policial e a ação de improbidade administrativa, e que aguarda o fim das investigações.

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