“A pátria não é a raça, não é o meio, não é o conjunto dos aparelhos econômicos e políticos: é o idioma criado ou herdado pelo povo.” Olavo Bilac

António Montenegro Fiúza

A 10 de Junho comemora-se o “Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas”; celebra-se atualmente, sob a égide da união e harmonia entre os povos que partilham entre si, os laços da Lusofonia. Acredita-se que, nesta, no antiquíssimo ano de 1580, morrera Luís Camões, o autor do épico português “Os Lusíadas”, aquele que consolidaria a língua portuguesa e quem chegou a conhecer, nas suas viagens, quase todo o território onde se falava o tão amado idioma. 
Em todas as comunidades dos falantes da língua portuguesa e nas comunidades imigradas de portugueses, um pouco por todo o mundo, a festa gira em torno do que nos forma, do que nos identifica e do que nos une.
“A língua fala por si. A importância de tratar da língua seja através dos museus, dos programas, dos acordos ortográficos, seja através dos processos de liberalização das falas novas, a língua é importante. A língua é nossa mãe.” (Gilberto Gil)
A língua é um traço tão intrínseco da nossa sociabilização, que mal a distinguimos de nós mesmos, reconhecemo-nos nas suas nuances, criamo-la e recriamo-la, para gáudio de todos. Mas neste dia especial, em que as altas patentes do Estado celebram o aspeto tão comum e quotidiano da nossa vida, que por pouco não o achamos trivial, relembramo-nos da sua relevância.
O Decreto – Lei n.º 39-B/78 de 2 de março reitera essa importância, ao enunciar (e passamos a citar)  “O dia 10 de Junho, Dia de Camões e das Comunidades, melhor do que nenhum outro, reúne o simbolismo necessário à representação do Dia de Portugal. Nele se aglutinam em harmoniosa síntese a Nação Portuguesa, as comunidades lusitanas espalhadas pelo Mundo e a emblemática figura do épico genial”.
O passado glorioso e os momentos menos alegres, as vicissitudes pelas quais passaram os nossos povos; a história cruza-se, a cada instante, com o futuro, num renovar constante do presente, nos seus desafios e nas suas indagações; é necessário entender e ultrapassar a crescente dicotomia entre as fortes, bem enraizadas e eficientes tradições, nas quais se assenta todo o edifício da lusofonia e a construção permanente de um futuro, cada vez mais exigente e sujeito a forte oscilações.
Neste dia, celebra-se o passado e o futuro, celebra-se o que nos une enquanto falantes desta língua, celebra-se aquilo que nos diferencia e que nos define como povos com origens distintas. Celebra-se a Nação da Língua Portuguesa. 

 

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