Dentre os primeiros seriados de dramaturgia da Globo, está este título inusitado e esquecido do grande público: “Linguinha X Mr. Yes”. Linguinha era um jovem interpretado por Chico Anysio, tendo nascido Harry Carrey do Nascimento, um jovem estudioso e obediente, que tinha o cacoete de ficar passando a língua nos lábios. Quando o mundo passava por turbulências, ele punha a língua para fora e virava o Agente Linguinha: um herói que não brincava, penteava os cabelos e escovava os dentes. Seu principal inimigo era o agente Mr. Yes (Luiz Delfino) e também contracenava como Lingote, um velhote hippie que era fã de Carlos Galhardo e Waldick Soriano que vivia brisado, com o uso de Elixir Paregórigo e Leite de Magnésia, e dizia o bordão: Bateu para Tu? Os episódios passavam diariamente e duravam oito minutos, antes das novelas das oito, entre 1971 e 1972.
“Envelhecer no esquecimento”
O envelhecer pode vir coberto de tintas cinzentas de solidão, abandono, esquecimento, negligências e ostracismo social. A redução de papéis sociais e até mesmo a inversão de forças familiares faz com o que o idoso perca o seu protagonismo individual, jogado a uma coadjuvância progressiva dentro do seu meio profissional, social e familiar. Envelhecer bem, também é saber lidar com seus próprios achaques, indisposições e pretextos. Formar famílias numerosas e poder contar com os filhos pode ser uma vantagem quantitativa, mas nem sempre há esta correlação exata entre muitos filhos e muitos cuidados. Em famílias numerosas ou restritas, o número de pessoas dispostas a ajudar é muito pequeno, sendo bastante comum idosos com múltiplos filhos e maus cuidados. Não é uma questão do número de descendentes, mas sim de quão comprometidos estão. As desculpas são múltiplas: Ah, ela não foi uma mãe (ou pai) presente; Ah, ele (a) tem muitas manias difíceis de suportar; Ah, eu tenho que cuidar dos meus filhos e da minha própria família; Ah, eu faço o que posso, mas tudo sobra pra mim; Ah, ele (a) sempre gostou mais do primogênito; Ah, a caçula que cuide, porque foi a mais mimada... e por aí, vai. No corre da vida e nas esquinas dos dias, está lá a figura do idoso a representar um estorvo para alguns, uma dádiva para outros, o elo ligante para muitos. Não é uma questão de tempo, e sim, de prioridades. Todo mundo se vira, dá um jeito para encaixar algo que é fundamental: há tempo para ver a apresentação de balé dos pequeninos, mas não há tempo para visitar um pai enfermo ou necessitando de um auxílio... Para que as pessoas têm filhos? Muitos vão responder prontamente que é sinal do amor, da tradição, da perpetuação da espécie, e sim, para ter um amparo na velhice. Segundo o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, a maior parte das agressões físicas acontece dentro da própria casa da pessoa idosa, no seio de sua família, ocasionada por pessoas próximas, como filhos, cônjuge, netos ou cuidadores domiciliares. Está na hora de reavaliar o amor, o respeito e a ética dentro das famílias.
Dica da Semana
Novelas
Elenco maduro de “Dona de Mim”:
A nova novela global das 19h de Rosane Svartman traz um elenco de atores experientes enriquecendo a trama, a contar pelo protagonista Abel (Tony Ramos), e outros, como Filipa (Cláudia Abreu), Rosa (Suely Franco), Marcello Novaes (Jacques), Marcos Pasquim (Ricardo), Ernani Moraes (Manuel Santos), Sylvia Bandeira (Isabela Campelo), Gutti Fraga (Padre Paulo).