O professor Carlos Alberto Rezende, mais conhecido como professor Carlão, 61 anos, retornou à sua cidade natal, Presidente Prudente, em uma jornada de resiliência e propósito. Transplantado de medula óssea há mais de oito anos, ele deu início a um desafio de 400 quilômetros em cima de sua bicicleta, com o objetivo de levantar a bandeira da doação de sangue e medula óssea. Sua jornada o levará de volta à cidade onde renasceu: Jaú.
"É muito bacana voltar à cidade onde nasci", disse o professor, nascido em 1964. Ele carrega consigo não apenas a experiência de um transplante, mas a missão de conscientizar o próximo.
A vida de Carlão, biólogo e biomédico, deu uma guinada em 2015, após ser diagnosticado com aplasia medular severa. Fumante por 35 anos, sua luta contra a doença foi marcada por um momento de grande fé e esperança. "A primeira coisa que eu pedi pra Deus: ‘Não me deixa ir antes da minha mãe’", revelou. Foi essa vontade de lutar e de cuidar que o manteve firme. Em 2016, após um longo período de espera, ele renasceu em Jaú com o transplante.
A experiência transformou Carlão em um ativista. Ele fundou o Instituto Sangue Bom, que hoje é uma referência nacional em doações. Desde 2017, ele utiliza o esporte como uma ferramenta para sua causa. Em 2021, completou o "Desafio 800", pedalando de Campo Grande (MS) a Jaú, passando por sua cidade natal. Agora, no "Desafio 400 Sangue Bom", ele inverte a rota, partindo de Prudente em direção a Jaú.
O esporte como ferramenta e a rotina do atleta transplantado
Para o professor, o esporte é mais do que uma atividade física; é uma "ferramenta onde cabe o gesto de amor". O desafio de 400 km, intercalando corrida e ciclismo, é meticulosamente planejado. Carlão, que tem 61 anos, ressalta a importância de um acompanhamento técnico, tanto de educadores físicos e fisioterapeutas quanto de médicos. "A gente obviamente aumenta a carga de musculação para poder reforçar os músculos das pernas... para que a gente possa respeitar o organismo de 61 anos e transplantado de medula óssea, mas sem preguiça."
O cronograma da viagem prevê etapas diárias de cerca de 30 km, com pernoites em cidades como Paraguaçu Paulista, Garça, Marília, Bauru e, finalmente, Jaú, onde a chegada está prevista para o próximo sábado.
A emoção da chegada e a mensagem de fé
A chegada ao Hospital Amaral Carvalho, em Jaú, onde foi realizado o transplante, é um momento de profunda emoção. Carlão conta que a cidade está mobilizada, com a "Caravana Sangue Bom" arrecadando litros de leite para casas de apoio. "A gente não tem que ter vergonha de chorar, derramar a lágrima, de sorrir, sobretudo por um gesto tão nobre quanto é o Amaral Carvalho", disse ele, que se emocionou ao falar do hospital, uma referência mundial em transplantes de medula.
Ao ser questionado sobre a mensagem que deixa para quem tem medo de doar ou para quem enfrenta uma doença grave, Carlão falou sobre a solidariedade e a esperança. "O sangue é a grande bênção divina", disse, ressaltando que esse líquido, que não pode ser produzido artificialmente, nos coloca como uma única espécie, como irmãos. "Não perca a esperança. A primeira palavra que eu te deixo é fé. A segunda é alegria. Lute todos os dias pela sua vida, com sorriso e praticando gratidão. Eu tenho certeza que a cura começa com o sorriso."