Precisamos reencantar a educação!

OPINIÃO - Danielle Santos

Data 06/11/2025
Horário 05:00

Em um momento em que as sociedades parecem sucumbir e as escolas ainda insistem em práticas obsoletas e estruturas rígidas, penso que podemos lançar um olhar renovado sobre o sentido e o propósito da educação. 
A palavra “reencantar” em português é um verbo transitivo, que significa trazer novamente o encanto ou a magia a algo ou alguém. O prefixo "re" indica repetição o que sugere renovar ou restaurar o sentimento de encantamento ou admiração que pode ter sido perdido ou diminuído com o tempo. 
Há exatos 20 anos, a educadora brasileira, Maria Cândida Moraes, baseada no autor Hugo Assmann, na obra “Metáforas novas para reencantar a educação: epistemologia e didática”, escreveu sobre a necessidade de devolvermos aos atos de ensinar e de aprender a sua dimensão mais viva, sensível e profundamente humana e as suas palavras fazem ainda tanto sentido para os nossos dias atuais. 
Estamos no ano 2025, encerrando um quarto do século XXI e vivendo em uma era marcada por enormes avanços tecnológicos e científicos, ao mesmo tempo em que presenciamos gradualmente uma crise de empatia. Aliás, empatia, ao contrário do que muitos dizem de que é um ato de se colocar no lugar do outro, na verdade, é um exercício diário de reconhecimento de que “o outro” é alguém muito diferente de nós e que deve ser respeitado e valorizado. 
Nas escolas, o modelo fabril de carteiras em filas milimetricamente alinhadas, grades que protegem mais a estrutura do que a experiência humana que ali deveria florescer e horários determinados para a aprendizagem das áreas de forma fragmentada sofre diariamente o risco de se constituírem como espaços permanentemente desabitados de encantamento. 
O que falta então, para reencantar a educação? Que tal, romper com o velho paradigma cartesiano que fragmenta o conhecimento, separa razão de emoção e trata o estudante como um “banco de dados” a ser preenchido? 
Primeiro que, infelizmente, em meu dia a dia acadêmico, ainda presencio professores punindo o erro em vez de acolhê-lo como parte natural do processo criativo. Assim, continuamos a premiar o silêncio, a cópia, enquanto abafamos a curiosidade e impedimos a expressão plena do pensamento e da sensibilidade. 
Segundo, é fundamental ultrapassar o modelo tradicional que reduz o ensino a uma lista de conteúdos estanques e metas produtivistas. A vida seja profissional, pessoal ou espiritual, não é dividida em partes. 
Por isso, precisamos formar seres inteiros, capazes de pensar com a mente, com o corpo e com o coração. Que enxerguem aprendizado como processo, e não como produto. Que resgatem a alegria em descobrir, criar, errar e recomeçar. 
Terceiro, é fundamental integrar as tecnologias e a Inteligência Artificial em uma visão mais ampla, que considere a vida em toda a sua complexidade. Uma educação que valorize o diálogo, a imaginação e a colaboração. Aliás, se você ainda não conhece a Plataforma Be Active, desenvolvida na Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), vale a pena conhecer e explorar as suas funcionalidades, incluindo um teste de colaboração muito importante para identificar nas pessoas a sua propensão para o trabalho em equipe (www.beactive.com.br) e outros recursos que apoiam práticas que ajudam a reencantar a educação. 
Reencantar a educação é acreditar novamente no potencial transformador de cada estudante. É ter condições para que também nos encantemos com a oportunidade de sermos mediadores de um processo vivo, dinâmico e profundamente sensível. Trata-se de entender que educar implica afeto, vínculo e sonho. 
Como afirmou o pensador, Edgar Morin, a escola precisa ensinar não apenas o que é, mas o que poderia ser. É tempo de reencantar a educação. Porque nenhuma técnica dará conta da tarefa de transformar, se a educação não for, antes de mais nada, um encantamento compartilhado.
 

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