É preciso educação financeira

EDITORIAL -

Data 16/11/2025
Horário 04:15

Os números da Serasa Experian referentes ao mês de agosto acendem um alerta importante sobre a saúde financeira de Presidente Prudente. Dos 225.668 habitantes contabilizados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2022, 89.288 prudentinos encerraram o mês no vermelho, acumulando R$ 779,1 milhões em dívidas distribuídas em 413.053 débitos. Em outras palavras, quase quatro em cada dez moradores da capital do oeste paulista convivem hoje com algum tipo de inadimplência — um retrato que revela não apenas dificuldades individuais, mas um problema estrutural que merece atenção pública e privada.
O peso dessas dívidas também impressiona. Enquanto o tíquete médio por inadimplente alcançou R$ 8.726,78, o valor médio por dívida ficou em R$ 1.886,43. Esses dados ajudam a compreender uma dinâmica preocupante: o consumo recente das famílias prudentinas tem se concentrado em habitação, veículo próprio e alimentação fora de casa — categorias que, somadas, formam um conjunto de custos fixos ou semiduráveis, difíceis de reduzir no curto prazo.
A verdade é que inadimplência não é apenas um número. É um fenômeno que afeta o comércio, restringe a economia local e fragiliza a rede de consumo que sustenta milhares de pequenos negócios prudentinos. Mas também é uma realidade que pode ser enfrentada. O primeiro passo é encarar o problema com clareza: diagnosticar a situação financeira, organizar receitas e despesas e buscar renegociações são medidas essenciais para reorganizar o orçamento. Ao mesmo tempo, reduzir gastos e cortar consumos não essenciais torna-se imprescindível para evitar que o ciclo da dívida se perpetue.
Mais do que um alerta, os dados de agosto devem servir de ponto de partida para uma reflexão coletiva. Famílias precisam de educação financeira; instituições de crédito, de responsabilidade na concessão; e o poder público, de políticas que aliviem o custo de vida e ampliem oportunidades. Só assim será possível transformar esse cenário e construir uma cidade onde o acesso ao crédito signifique prosperidade, e não endividamento.
Presidente Prudente tem força para reverter esse quadro — mas isso exige informação, planejamento e, sobretudo, escolhas conscientes.
 

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