"Serenata Boêmia"

DignaIdade

COLUNA - DignaIdade

Data 28/06/2022
Horário 06:07

Carmen Miranda (1909-1955) foi a maior estrela brasileira no cinema internacional de todos os tempos. Fez um total de 14 filmes nos EUA, sendo nove na 20th Century Fox, os estúdios que a contrataram em 1940 para uma participação no filme “Serenata Tropical” (Down Argentine Way). “Serenata Boêmia” (Greenwich Village) é uma comédia musical de 1944, aonde pela primeira vez Carmen Miranda vem com o primeiro nome nos letreiros na frente do astro Don Ameche. No roteiro, ele é um compositor que busca a sorte tentando que algum produtor se interesse por suas composições em plena época da Lei Seca (o filme se passa em 1922), ao mesmo tempo em que se apaixona por uma aspirante a estrela (Vivian Blaine) e é confundido como milionário pela sagaz Princess Querida (Carmen). Dentre os diversos números musicais, destaque para “Give me a Band and a Bandana” (onde Carmen canta trechos de “O Que é que a Baiana Tem?” de Dorival Caymmi e “Quando Eu Penso na Bahia”, de Ary Barroso). 

“Quando os ícones se vão”

As novas gerações vão criando seus novos modelos e heróis, e os ícones das gerações maduras vão sendo naturalmente repostos por novos e jovens rostos. O jovem aplaude e gosta de se ver na ribalta e todos que vão surgindo têm direito às oportunidades e chances que tivemos no passado. Contudo, é impossível deixar no ostracismo muitos nomes que rechearam o imaginário popular com seus talentos, presenças marcantes e obras artísticas duradouras. Apenas citando nomes nacionais, vamos entrar num túnel do tempo imaginário em que passassem em nossas mentes, os ícones de cada década em várias artes. Veríamos uma década de 50 com o desfile das rainhas do Rádio, como Ângela Maria, Linda Batista, Marlene, Emilinha Borba, Cauby Peixoto, o Rei da Voz Francisco Alves, os cômicos Grande Otelo e Oscarito, a estrela internacional Carmen Miranda, a eterna miss Brasil Martha Rocha, as estrelas de teatro e cinema Tônia Carrero, Bibi e Procópio Ferreira, Cacilda Becker. Os conturbados anos 60 com a Bossa Nova de João Gilberto, Vinícius de Moraes, Tom Jobim, Toquinho, Nara Leão e a força da MPB nos festivais de música com Elis Regina, Jair Rodrigues e Wilson Simonal ou os embalos da Jovem Guarda de Jerry Adriani, Antônio Marcos e Vanusa. Os anos 70 e a força das telenovelas escritas pelas insuperáveis Janete Clair e Ivani Ribeiro em tramas estreladas pelos eternos Sérgio Cardoso, Tarcísio Meira, Dina Sfat, Yoná Magalhães, Eva Wilma, Marília Pêra, Walmor Chagas, Paulo Gracindo, José Wilker, Raul Cortez, Nicette Bruno e Paulo Goulart entre tantos outros. A música marcante de Raul Seixas, Clara Nunes, Beth Carvalho e Tim Maia. A explosão do cinema nacional com Mazzaroppi, Sandra Bréa, Os trapalhões Mussum e Zacarias, o cinema de grandes diretores como Glauber Rocha, Hector Babenco e Nelson Pereira dos Santos. As presenças televisivas dos comunicadores Chacrinha, Bolinha, Flávio Cavalcanti, Hebe Camargo, Clodovil, Jota Silvestre. A arte escrita atemporal de Rachel de Queiroz, Lygia Fagundes Telles, Clarice Lispector, Nelson Rodrigues. Influenciadores intelectuais e comportamentais pré-internet. Estes se foram e suas obras permanecem. Muitos outros ainda estão entre nós, merecendo oportunidades, respeito e reverência. 

Dica da Semana

Música - CD

Roberto Luna – “20 Supersucessos”:
O cantor Roberto Luna (1929-2022) faleceu no último domingo aos 92 anos, com uma trajetória musical de mais 60 LPs gravados. Neste disco, 20 canções do seu repertório e de outros cantores, como “Por Causa de Você” (Tom Jobim e Dolores Duran), “Folha Morta” (Ary Barroso), “Contigo” (Cláudio Estrada) e seu maior sucesso, “Molambo” (de Jaime Florence Meira): “Ficou pra matar a saudade que não me deixou. Que não me deu sossego um momento sequer, desde o dia que ela me abandonou”... 


 

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