Um dos clássicos do neorealismo italiano, movimento cinematográfico surgido na Itália destruída do pós-guerra em 1945. Neste clássico de 1952, dirigido pelo grande Vittorio De Sica, a história se passa justamente no início dos anos 50, enquanto a economia do país renasce, os idosos sofrem com as miseráveis pensões dadas pelo governo. Em Roma, Umberto Domenico Ferrari (Carlo Battisti), um funcionário público aposentado, é despejado por não conseguir pagar o aluguel do seu quarto. Na companhia de seu único amigo, o cachorrinho Flik, Umberto vaga pelas ruas com um único objetivo: viver com dignidade. Clássico absoluto do cinema e indispensável filme sobre o envelhecimento: atemporal e sensível, feito com atores não-profissionais.
“Pensamentos carcomidos”
Muitos idosos não gostam do termo melhor idade para designar os indivíduos em processo de envelhecimento, afinal, eles não consideram nada de melhor nesta idade em que percebem um conjunto de mudanças físicas que não têm nada de superior. Não dá para tirar a razão desta consideração, em que o organismo já não funciona assim tão bem quanto antes, por outro lado, a grande maioria sente, que apesar das mudanças externas, o seu “eu” interior continua o mesmo. Não há degeneração de pensamentos, comportamentos, personalidades e sonhos. Neste quesito, o idoso leva vantagem, pois o amanhã é incerto a todos, a única certeza é do hoje, e o idoso tem muito mais “ontens” acumulados para lhes servir de bagagem e recordações. Esta ideia de se pensar que a vida se reproduz diariamente, e o hoje é o novo começo, não é simples balela, é uma verdade definitiva. Excetuando as doenças cognitivas como as demências, o pensar do idoso é preservado, e esse ato se refere ao modo consciente de elaborar as ideias independente dos estímulos sensoriais e engloba o juízo, o raciocínio, a formação de conceitos, a resolução de problemas e a deliberação (tomada de decisões). Quanto mais exercitarmos a mente, mais o pensamento é preservado, e para isso é preciso que a estimulemos diariamente. Não dá para aposentar o pensamento, e muito menos, permanecer com ideias rígidas e inflexíveis, sem se capacitar para as mudanças do mundo. Precisamos aprender a cada dia: leituras, filmes, músicas, notícias, novidades digitais, redes sociais, dispositivos eletrônicos. É preciso mudar a ideia de querer convencer o mundo das nossas verdades, e sim, estar preparado para entender as mudanças das verdades alheias. Resmungar sobre a beleza do passado e vociferar o tempo todo de forma inconformada sobre o presente contribuem para esta inércia cerebral. Para isso tente: 1) pensar criticamente, fazer uma pausa e pensar duas vezes; 2) reavaliar as suposições que fazemos rápida e implicitamente; 3) apresentar argumentos fundamentados para o que você acha que está acontecendo; 4) estar preparado para mudar de ideia à luz de novos conhecimentos.
Dica da Semana
Filmes:
“Um homem chamado Ove”:
(Em Man Som Heter Ove). Suécia. 2017. Direção: Hannes Holm. Elenco: Rolf Lassgard. Ove é um senhor aposentado mal-humorado, de 59 anos, que vive uma vida totalmente amargurada. Ele divide seu tempo entre uma vida monótona e as visitas que faz ao túmulo da esposa, até que novos vizinhos chegam à casa da frente e uma amizade inesperada surge.