504 anos de Reforma Protestante

OPINIÃO - Saulo Marcos de Almeida

Data 28/09/2021
Horário 04:30

Este mês a comunidade protestante histórica celebrará 504 anos de luteranismo: 31 de outubro de 1517. Antecipo aqui, então, importante data para todo o mundo cristão. Martinho Luder (nome de família) ou Luther - Lutero em razão de sua carreira acadêmica.
Nasceu em Eisleben distante cerca de 90 quilômetros de Erfurt, capital da Turíngia. Em 1498, seus pais Hans e Margarethe o encaminharam para Eisenach, Escola da Igreja de São Jorge, para os estudos de ensino secundário até ser conduzido para o Mosteiro Agostiniano de Erfurt (1505 a 1511), onde seu mestre espiritual Staupitz foi o responsável por encaminhá-lo para os estudos bíblicos. 
Terminada a academia, o monge foi designado para Wittenberg, não muito distante de Erfurt, para lecionar na recém criada Universidade do Príncipe Eleitor Friedrich der Weise - Frederico, o Sábio. Em Wittenberg, inconformado com o que via na igreja e sem desejar dela qualquer rompimento, em 31 de outubro de 1517, véspera do Dia de Todos os Santos, Lutero divulgou suas famosas 95 teses contrariando, sobretudo, a venda de indulgências. A publicação tornou-se notória e foi enviada em forma de carta ao arcebispo Alberto de Magdburgo e Mentz. Uma leitura das teses revelava um monge ousado e preocupado com determinadas ênfases que marcariam a construção teológica protestante clássica, a exemplo da tese 62: “O verdadeiro tesouro da igreja é o Santo Evangelho da glória e da graça de Deus”. 
Em 1521, reuniu-se a Wormser Reichstag - a Dieta de Worms - convocada pelo imperador Carlos V do Sacro Império Romano Germânico. Importante pauta daquele conclave era a convocação dirigida ao monge agostiniano Martinho Lutero com o intuito de levá-lo a se retratar das teses, publicadas quatro anos antes na catedral de Wittenberg. Lutero foi advertido por seus amigos a não comparecer, pois corria risco de vida. Contrariado respondeu: “Vou à Worms nem que haja tantos demônios como telhas nos telhados das casas da cidade”. Ao ser desafiado a se retratar, Lutero respondeu: “Não posso fazer nada diferente e não vou me retratar”. 
Ao voltar de Worms para Wittenberg, Lutero simplesmente desapareceu. O sumiço do monge se deu por obra e graça de seu protetor, o príncipe Eleitor Frederico da Saxônia, que o sequestrou e o levou em absoluto segredo para o Castelo de Wartburg nas imediações de Eisenach, lá ficando por cerca de dez meses. Neste tempo, traduziu o Novo Testamento do grego para o alemão, fundamentou a doutrina da justificação pela fé e abriu o livre exame das escrituras. 
Iniciava-se o luteranismo e consequentemente o protestantismo histórico na Alemanha da Idade Média, auxiliada pela imprensa de Guttenberg: “Creio que Deus criou a mim e a outras criaturas e deu-me corpo e alma, olhos, ouvidos, braços e pernas, razão e sentidos. Que diariamente me provê roupa e calçado, comida e bebida, casa e família, terras e gado e tudo possuo. Que supre com abundância todas as necessidades do meu corpo e da minha vida. Que me protege de todos os perigos e me guarda de todo o mal. E que faz tudo isso por Sua bondade e por puro amor paternal, sem mérito ou merecimento da minha parte. Assim, agradeço e louvo a Deus a quem servirei e obedecerei”. 
 

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