Bruno Lins pode herdar bronze olímpico de 2008

REVIRAVOLTA Após a confirmação de doping do jamaicano Nesta Carter, equipe brasileira fica com a terceira colocação nos 4x100 m rasos

Esportes - THIAGO MORELLO

Data 26/01/2017
Horário 15:36


O velocista Bruno Lins, que treina em Presidente Prudente, e os atletas Vicente Lenílson, Sandro Viana e José Carlos Moreira, Codó, que integraram a equipe brasileira de atletismo que disputou os 4x100 m rasos, nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, podem herdar a medalha de bronze. O anúncio saiu na tarde ontem, a partir do COI (Comitê Olímpico Internacional), que comunicou a desclassificação da Jamaica, país que ficou com o ouro na prova. A decisão veio após a confirmação do resultado positivo no controle de doping, para o jamaicano Nesta Carter, um dos integrantes da equipe. Desta forma, o lugar mais alto do pódio ficaria para o time de Trinidad y Tobago, seguido pelo Japão e o Brasil, países que, respectivamente, terminaram a prova em segundo, terceiro e quarto lugares.

Jornal O Imparcial Bruno: "Fico feliz com a possibilidade de trazer uma medalha"

Para confirmar a medalha, de acordo com a assessoria de imprensa do COI, o próximo passo será feito pelo órgão, que deve informar o caso ao COB (Comitê Olímpico do Brasil) e à IAFF (International Association of Athletics Federations) - Federação Internacional de Atletismo.

Mesmo faltando pouco, o tempo é mínimo para quem já esperou quase nove anos. "Alagoano mais prudentino do Brasil", como ele mesmo diz, Bruno Lins já comemora os recentes acontecimentos. "Eu estava treinando e assim que cheguei em casa já recebi a notícia, através de um repórter que me ligou questionando e eu mal sabia o que estava acontecendo. Fiquei muito surpreso e feliz ao mesmo tempo. A partir dali já liguei para o pessoal da equipe que disputou comigo e foi muita emoção. Chegamos muito perto e já escutamos rumores sobre o assunto, mas agora que veio a confirmação. Antes tarde do que nunca", celebra.

Ainda de acordo com o velocista, é triste que situação seja a partir de algo negativo. "A gente lamenta muito o ocorrido, principalmente aos atletas jamaicanos que sofreram inocentemente, como o Usain Bolt. Mas deve acontecer conforme seja justo. Então, fico muito feliz com essa possibilidade de trazer a medalha, principalmente para Presidente Prudente, cidade que tenho um carinho muito grande e um orgulho indescritível", afirma.

Feliz após ter recebido a notícia, da mesma forma que Bruno, Codó garante que mais uma vez o Brasil está fazendo história. "Primeiramente agradeço a Deus por tudo isso. Por mais que seja uma situação chata, eu sempre tento ver o lado positivo das coisas que, no caso, é o ganho da medalha. Se ficou confirmado que teve o doping, então a medalha é direito nosso, assim como ouro é da seleção de Trinidad y Tobago e a prata do Japão", diz.

Codó ressalta que, apesar de comemorar os ganhos, a notícia tem reflexos negativos para o esporte. "O doping tem se tornado algo comum no atletismo. Isso é muito negativo e que acaba manchando não só os atletas ou as equipes, mas a modalidade", completa.

Quem não ficou muito surpreso com o resultado foi o atleta Vicente Lenílson. Ele, que também já treinou em Prudente, comenta que viu uma evolução muito grande do velocista Nesta Carter em pouco tempo. "Competi com ele no Rio de Janeiro e ele perdeu para mim. No ano seguinte apareceu totalmente mais forte e mais rápido, um desenvolvimento fora do comum. A gente não pode e nem deve afirmar nada, mas foi bem estranho", diz.

Sobre a medalha, Vicente garante que prefere comemorar somente no momento em que ela estiver em seu peito. "Fiquei muito feliz, claro, mas quero esperar até a chance de segurar o bronze em minhas mãos. Vamos garantir que a Jamaica não vá recorrer, o que acho que não vai acontecer, pegando o exemplo da Rússia", finaliza.

 
Publicidade

Veja também