CHARANGA DOMINGUEIRA de 03-01-2016

Esportes - Flávio Araújo

Data 03/01/2016
Horário 05:10
 

Um futebol sem criminosos (final)


 

A última coluna falou de minha convicção de que a Espanha não formará uma seleção de filhos do país que se compare ao futebol do Barcelona. Não é exceção de um momento na vida do grande clube. Basta lembrar que desde Evaristo, o Barça sempre teve em brasileiros como Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo, Romário, Ronaldo e Giovanni, peças notáveis para sustentar sua grandiosidade. E por que não só o Barcelona, um clube espanhol e não brasileiro com essa pujança e mesmo que restrito somente aos valores aqui nascidos?

É inegável que nosso futebol vive o que se vive no Brasil. Que os espanhóis, a exemplo de outros avançados países europeus conseguiram preservar seus clubes esportivos das dificuldades políticas e financeiras vividas por suas nações. Ou não está a Espanha em crise econômica atual e em crise política crônica? Tem terríveis índices de desemprego. Até para ferir mais diretamente o tema, o próprio Barcelona sofre com conchavos internos e afastou altos dirigentes. O caso Sandro Rosel é emblemático para explicar o que escrevo: sócio de Ricardo Teixeira em patranhas internacionais, figura de primeira linha da direção do clube, foi afastado não pelo que fez fora da Espanha, mas por problemas que o próprio Barcelona vai conseguindo encampar.

Vemos, então, que eles conseguem manter a instituição hígida e acima desses imbróglios que são a razão principal da derrocada do futebol brasileiro. Que está umbilicalmente ligado a essa triste situação do país e a essa inominável bancada da bola em nosso Congresso, sustentáculo de conchavos que sempre desaguam em corrupção. Vejam essa recente armação na fajuta eleição de um vice idoso, o tal Coronel Nunes, na CBF (Confederação Brasileira de Futebol), para que o trio Teixeira/Marin/Del Nero continue manejando. Vejam Del Nero saindo e indicando para seu lugar na FIFA a Fernando Sarney, atulhado de processos albergados pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Assim na CBF, assim na AFA, assim na Conmebol. Assim na UEFA e assim na FIFA, a nascente da corrupção no futebol mundial. A diferença é que lá não existe um grupo político voraz trabalhando em favor dos arranjos dos donos do poder. Onde estão agora Joseph Blatter e Michel Platini, até anteontem os marajás das duas maiores instituições esportivas do planeta?

O dia em que nossos clubes acordarem para suas necessidades e jogarem na lama os políticos aproveitadores da falta de dirigentes de excelência no futebol, em que as Ligas forem criadas e assumirem as rédeas do barco que naufraga esse futebol que abrilhanta as maiores conquistas dos clubes do mundo, Barcelona o do momento, não teremos mais nada a invejar. (Deixo vocês em paz no mês de janeiro. A Charanga voltará em 8 de fevereiro. Até lá e Feliz Ano Novo).

 

Flávio Araújo, jornalista e radialista prudentino escreve aos domingos neste espaço.
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