CHARANGA DOMINGUEIRA de 13-12-2015

Esportes - Flávio Araújo

Data 13/12/2015
Horário 00:55

A pátria sem heróis e sem caráter


 

Acabou-se a história e morreu a vitória... Mas, não haverá um silêncio imenso dormindo à beira-rio do Uraricoera. O grito das ruas terá que voltar. Não será preciso ressuscitar Mário de Andrade e nem reler o seu romance maior. Eles continuam vivos. Com uma mudança sensível. Não temos hoje só um Macunaíma, que se diferente do original não é nenhum herói e igual ao mesmo não têm nenhum caráter. Sim, são muitos que poderiam estar bracejando no panelão de feijão fervendo. Macunaíma é o símbolo: o Brasil hoje é de Dilma e Lula, de Aécio e Alckmin, de Calheiros, Cunha e Delcídio e muitos, e põe muito nisso, menos nós, o pobre povo brasileiro. Ah! Você acha que o governador de São Paulo não deveria estar nesta lista? Como alguém ordena uma reforma tão profunda no ensino básico do Estado que governa sem uma audiência pública que a justifique? Depois com vergonha na face tem de revogá-la forçado pela reação da estudantada que nem sabe o que quer? Brasil que era de Macunaíma hoje é de Ricardo Teixeira, José Maria Marin, Marco Polo del Nero et caterva. Não existem nomes nas vice-presidências da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) com capacidade para as devidas reformas. Esses usurpadores impediram a formação de lideranças sadias. Mas, nos gramados ainda continua existindo grandeza. Só nos gramados. Acabou-se a história, morreu a vitória. Embora seja justa a comemoração dos corintianos e daqueles que estarão na Libertadores como prêmio de consolação. Justa a conquista do apenas mediano time do grande Palmeiras. E triste o choro daqueles que serão rebaixados. Corinthians, Atlético Mineiro, Grêmio e São Paulo e mais Palmeiras como campeão da Copa do Brasil. Com três paulistas entre os cinco há o que se comemorar. Avaí, Goiás, Vasco e Joinville rebaixados e substituídos no próximo ano por Botafogo carioca, Santa Cruz do Recife, Vitória de Salvador e América mineiro promovidos da série B. É o lado principal do Campeonato Brasileiro agora encerrado. Se raciocinarmos um pouco e pensarmos na situação em que jogaram não o nosso futebol, mas a nação como um todo, encontraremos a razão pela situação que vivemos. Desde os 7 a 1 na copa ao estouro da barragem com resíduos tóxicos; desde as sujeiras do mensalão e petróleo ao desgoverno da nação. A alegria no futebol é algo muito pequeno perto da sujeira pior que a lama de Sabará que escorreu levando vidas. Desculpem, mas hoje como cantou John Donne os sinos dobram por nós. Aproveitemos a chance que a recordação do epílogo da obra maior de Mário de Andrade nos trás. Limpeza, antes que tarde.

 

Flávio Araújo, jornalista e radialista prudentino escreve aos domingos neste espaço. 

 
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