CHARANGA DOMINGUEIRA de 24-04-2016

Esportes - Flávio Araújo

Data 24/04/2016
Horário 08:26

LEI DO ACESSO: DA ILUSÃO À REALIDADE


 

Quando a Lei do Acesso foi implantada houve uma verdadeira revolução no futebol de São Paulo, o que a criou e em primeiro lugar a adotou. Não só na capital, mas do todo paulista. Formou-se de princípio uma disputa fora dos campos de futebol entre a capital e o interior. Enquanto na capital havia clubes que se julgavam com direito eterno de ficar no único campeonato até então existente, no interior equipes de boa qualidade técnica lutavam por ganhar no campo de jogo um lugar entre eles. Clubes que haviam formado no grupo que deu existência legal ao profissionalismo e a criação da FPF achavam que esse simples fato  garantiria seu lugar. E foram buscar nos tribunais pelos anos seguintes o direito de permanência. Enquanto isso de Campinas e Sorocaba para a frente era só entusiasmo o que o futebol produzia e grandes equipes eram formadas para lutar pelo acesso. E foram se renovando as equipes da Primeira Divisão Paulista. XV de Piracicaba (1949), Guarani de Campinas (1950), Radium de Mococa (1951) foram os primeiros a serem promovidos e a confusão nos certames se instalou com clubes usando o direito exclusivo seu do "daqui não saio, daqui ninguém me tira". Demorou para que o acesso e retrocesso fossem de lei institucionalizados. Nessa época, Prudente possuía duas equipes de muito boa qualidade. Tanto o Corinthians local, o primeiro que subiu (1960) como a Prudentina que ascendeu em 1962 tinham equipes de valor. Mas, uma coisa é subir, outra é se manter no alto. Tanto um como o outro ficou por pouco tempo. O Corinthians só disputou uma temporada e a Prudentina que mais durou ficou até 1967. A pergunta é a seguinte: tem o interior nos dias atuais condições de fortalecer o campeonato com alguma equipe que mostre ao que veio ou apenas estrelas fugazes que vivem no sobe e desce eterno? A segunda hipótese é a verdadeira. Hoje o futebol, que era espetácul,o se transformou em negócio e são diversas as divisões. Tanto que essa em que estão as duas equipes profissionais da cidade disputando o que chamam de segunda divisão na verdade é mesmo a quarta. Por tudo isso é que considero seus dirigentes como verdadeiros heróis tentando a manutenção de um profissionalismo impossível de ser sustentado com o público que comparece aos seus jogos. Como a ilusão do acesso é o sustentáculo de tudo é que pergunto: onde estão Corintinha, Prudentina, América, Guarani, XV de Jau, Francana, Radium, Comercial, Taubaté, Paulista e tantos outros que em outras épocas eram as esperanças de dias melhores para o campeonato paulista?

 

Flávio Araújo, jornalista e radialista prudentino escreve aos domingos neste espaço.
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