Rafael Mello Fontolan Vieira, ex-aluno da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista),, hoje figura proeminente na cirurgia robótica brasileira, com consultórios espalhados por importantes cidades de São Paulo, está prestes a deixar sua marca no maior congresso mundial de cirurgia robótica, em Estrasburgo, na França. Como proctor em diversos hospitais do país, sua presença e apresentação de casos complexos destacam o Brasil no cenário internacional da medicina. Em entrevista exclusiva, Rafael detalha a relevância do evento, os avanços no Brasil e os benefícios dessa tecnologia para os pacientes.
Rafael, o senhor está prestes a participar do maior congresso da Sociedade de Cirurgia Robótica em Estrasburgo, na França. Qual a importância desse congresso para a cirurgia robótica global e o que representa para o senhor, como proctor de hospitais brasileiros, apresentar seus casos lá?
Sinomar, esse congresso é o maior do mundo em cirurgia robótica. Lá serão discutidos temas de cirurgia geral, oncológica, torácica, do aparelho digestivo, urologia, ginecologia, e até áreas mais recentes como cabeça e pescoço, e cirurgia plástica. É um congresso de relevância internacional muito grande, e estou muito feliz por poder levar alguns casos que fizemos — casos diferentes, porém complexos, operados por robô — para apresentar e mostrar o que temos feito a todos os médicos e cirurgiões que participarão.
Há alguma particularidade ou destaque nesses casos que os torna especialmente relevantes para a comunidade médica internacional?
Sim, são casos de altíssima complexidade, normalmente envolvendo câncer, principalmente do trato bilio-pancreático ou casos hepáticos. Eles exigiram um esforço extra para que, com a plataforma robótica, pudéssemos ressecar toda a doença e obter sucesso no tratamento. Há detalhes técnicos e a maneira como foram realizados que fazem toda a diferença.
Qual sua expectativa em relação ao intercâmbio de conhecimentos e discussões que surgirão a partir dessas apresentações?
Tenho certeza de que o congresso terá um conteúdo riquíssimo, principalmente porque poderemos conversar com cirurgiões do mundo inteiro. Será uma oportunidade de ver técnicas que estão sendo realizadas por outros colegas, ter um intercâmbio real dessas técnicas e, dessa forma, crescer tanto para os outros quanto para nós e para o nosso serviço.
Como o senhor avalia o atual cenário da cirurgia robótica no Brasil em comparação com outros países?
O Brasil está chegando a um ponto de vanguarda na cirurgia robótica. Algumas especialidades, como a urologia, saíram na frente. Hoje, a cirurgia do aparelho digestivo de alta complexidade está crescendo muito, e acredito que, em breve, o grande carro-chefe serão os transplantes por técnica robótica, algo que alguns centros no mundo já iniciaram.
Como proctor em vários hospitais brasileiros, o senhor tem uma visão privilegiada da disseminação e do aprendizado dessa tecnologia. Quais os principais desafios e maiores conquistas na formação de novos cirurgiões robóticos no Brasil?
É difícil resumir de forma abrangente, mas eu diria que a difusão do conhecimento da cirurgia robótica não é simples. Exige muito tanto de quem ensina quanto de quem tem interesse em aprender. É necessário um bom entrosamento entre as equipes e um objetivo claro do cirurgião sobre onde ele quer chegar com a cirurgia robótica, qual nível de complexidade ele buscará. Acredito que, em breve, ela não será mais algo tão abstrato e estará presente até nas pequenas cidades. Esse é o futuro.
Quais os principais benefícios da cirurgia robótica para os pacientes, especialmente em termos de recuperação, precisão e resultados a longo prazo?
Os pacientes se beneficiam muito da menor dor na cirurgia robótica, da técnica que oferece mais precisão e coesão para pequenos movimentos. As incisões são menores, e consequentemente, o paciente tem alta mais cedo e com menor risco de complicações.
Em que áreas da medicina a cirurgia robótica tem demonstrado maior impacto e quais outras especialidades o senhor acredita que serão transformadas por essa tecnologia em um futuro próximo?
Ontem, por exemplo, estive com dois cirurgiões da USP, da área de cirurgia plástica, e tivemos uma troca fantástica de conhecimento e experiências. Vejo que cirurgiões de uma área talvez inesperada, como a cirurgia plástica, têm interesse em usar a plataforma robótica para técnicas e cirurgias específicas, onde enxergam um grande benefício. Acredito que a área da cirurgia geral, de modo geral, terá o maior crescimento na abrangência da robótica. Praticamente todos os casos são passíveis de serem feitos com a plataforma robótica, assim como a área de transplantes e as novas áreas que estão começando a usar a plataforma, como cabeça e pescoço, cirurgia cardíaca e cirurgia plástica.
Como tem sido sua atuação, dividindo sua rotina entre Prudente, Campinas, Jundiaí e São Paulo?
Não é fácil estar presente em tantos lugares. Exige muito tempo e dedicação. Tenho que estar presente o máximo possível e dar atenção, é claro, a todos em cada um dos lugares, buscando entregar excelência. Meu grande objetivo é oferecer um tratamento de qualidade aos pacientes, uma técnica de excelência e uma estrutura hospitalar e de consultórios de alta qualidade.
Quais são seus planos agora?
Meu grande plano e objetivo agora está novamente relacionado à implementação da técnica robótica para os transplantes. Acho que isso trará um grande benefício para aumentar, inclusive, a quantidade de transplantes e o número de pacientes abrangidos pela técnica robótica em cirurgias de alta complexidade.
