Decifro-te ou me devoras

OPINIÃO - Raul Borges Guimarães

Data 19/09/2021
Horário 04:30

Nesta semana que Presidente Prudente comemorou 104 anos, comecei a pensar no tempo que vivo aqui. Na mistura das minhas histórias com as histórias da cidade. Daí eu retornei ao ano de 1990. Era janeiro, o mês que visitei Presidente Prudente pela primeira vez. Vim participar de um concurso para a função de professor no curso de Geografia da Unesp. Meu plano era mudar para a então conhecida “capital da Alta Sorocabana”. A primeira imagem que ficou retida na minha memória foram as palmeiras imperiais que acompanham a Avenida Washington Luiz. É uma paisagem imponente e causa uma boa impressão para os “estrangeiros”. Lembro-me também das pessoas caminhando pelo calçadão, das rodas de amigos na praça da catedral e do maravilhoso azul no céu. 
Fui contratado para trabalhar na Unesp no dia 10 de fevereiro de 1990. Desde então, como morador da cidade, tenho acompanhado as transformações que ocorreram em Presidente Prudente. Muita coisa mudou. Nos primeiros anos, a construção civil ainda estava bastante aquecida. Eram os tempos dos grandes edifícios que transformaram o horizonte da cidade em um novo cartão postal. Depois vieram os inúmeros condomínios residenciais fechados. Presidente Prudente tornou-se cada vez mais conhecida pelo seu desenvolvimento no setor do comércio e dos serviços, destacando-se pela localização de dois shopping centers, centros de ensino superior e hospitais de grande porte e complexidade.   
Mas nem tudo são flores. Se nas áreas de maior circulação de veículos não há pobreza, isto é resultado de um programa de desfavelização promovido pela Prefeitura no começo da década de 1990. A população mais pobre foi confinada na periferia mais distante. Certamente, aqueles que só olham para a cidade através das janelas dos seus automóveis, nunca se aventuraram a caminhar por dentro das diversas realidades que a paisagem urbana oculta. 
O que se pode conhecer da cidade visitando a Vila Líder, o Humberto Salvador e o Morada do Sol através do percurso de ônibus ou a pé? Primeiro, essa tarefa só se torna factível em vários dias. São longas as esperas nos pontos de ônibus. Para trás, vão ficando os shopping centers, as praças e ruas arborizadas. 
O que será de Presidente Prudente quando a praça voltar a ser o local do encontro dos diferentes? É o que veremos nos próximos 104 anos, mas isto é outra história. Por enquanto, parabéns para Presidente Prudente e para todos os seus habitantes!
 

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