Em PP, arte transforma vida de criança com síndrome de Down

Aluno da rede municipal, Matheus Fernando Raimundo, 9 anos, mistura cores, desenhos e subjetividades, em sua primeira exposição, instalada até 5 de março, no Centro Cultural Matarazzo

VARIEDADES - OSLAINE SILVA

Data 15/02/2017
Horário 08:06
Já está mais que comprovado por cientistas, médicos, dentre outros especialistas, o quanto a arte pode influenciar positivamente na vida de uma pessoa na expressão de seus pensamentos, sentimentos e ideias. Seja por meio da literatura, dança, música, artesanato, entre outras várias atividades. E neste caso aqui exposto, do pequeno e encantador Matheus Fernandes Raimundo, 9 anos, as artes plásticas se manifestaram de maneira mais que singular. Criança especial, que nascera com síndrome de Down, ele conseguiu pela pintura criar o seu próprio canal de comunicação com o mundo no qual está inserido.

Jornal O Imparcial Matheus se tornou uma criança mais calma, sorridente e feliz desde o ano passado, depois que começou a pintar

Pelas cores das tintas na tela, o lindo garotinho vem transmitindo suas sensações e impressões sobre a vida e as pessoas que o rodeiam. E agora até quem não o conhece poderá apreciar o seu dom artístico na exposição "Um olhar especial", que iniciou no dia 7 e segue até o dia 5 de março, na Área de Convivência, do Centro Cultural Matarazzo, em Presidente Prudente.

Usando a forma tátil para a elaboração de cada obra, ele mistura cores, desenhos e subjetividades, sempre com um olhar especial sobre cada criação.

Matheus é estudante da Escola Municipal Coronel José Soares Marcondes, conhecida popularmente como Bosque. Foi neste ambiente que um dos anjos, que são conhecidos como professores, fez a diferença não apenas na vida do especial aluno, mas de toda sua família. Trata-se da professora Eliana Oliveira, que era estudante de Pedagogia, responsável pelo desenvolvimento da arte na vida de Matheus.

Ela conta que no início, em 2015, foi muito difícil esse trabalho de inclusão, pois Matheus era uma criança muito difícil de lidar. Era agressivo, não ficava na sala de aula, chorava muito e não interagia com as outras crianças.

"Tentei várias metodologias, com livros, brinquedos pedagógicos, lápis de cor, mas ele não se interessava por nada. Comecei a pensar em uma forma de prender a atenção dele. E foi quando tentei fazer o trabalho de pintura com as mãos, pois ele não segurava o pincel. Começamos a pintar em placas de isopor. Nossa! Estava ficando lindo os desenhos abstratos. Pedi à mãe, que comprasse telas. O resultado está ai, nesta exposição com mais de 30 das 50 obras que ele já produziu", ressalta a professora. O lançamento no dia 7 contou com a presença dos professores de Matheus, familiares e amigos da família.

 

Prazer inexplicável


Eliana expõe que o pequeno se apaixonou pela arte. Mãos na tinta. Mãos na tela. E o seu mundo ele coloca nas imagens. Ela conta que ao longo do tempo foi aprofundando, procurando formas táteis, misturas de cores, subjetividade no trabalho com as tintas e ele aceitou a proposta. Isso foi uma grande conquista, porque antes não se interessava por nada.

Para ela, não tem coisa mais gratificante do que quando pega o quadro para iniciarem as atividades, a felicidade que ele demonstra!

"Me sinto extremamente feliz porque Deus me deu a oportunidade de poder mudar o destino do Matheus. É muito gratificante saber que pude ser uma das ferramentas para o sucesso dele, com a pintura com as mãos que estamos desenvolvendo. Este trabalho está sendo muito importante. Tanto que pretendo montar um ateliê para trabalhar com crianças especiais como ele. Digo sempre, que todas as crianças especiais têm um olhar especial", destaca a professora.

 

Presente de Deus


De acordo com o funcionário público Paulo Raimundo, 58 anos, pai de Matheus, até o ano passado, tirando a agressividade externada, o garotinho não se comunicava com o meio exterior. Não andava... Provavelmente por conta da dificuldade em se expressar, o nervosismo era sua principal característica.

A descoberta da vocação artística transformou a vida do menino, segundo o pai e a mãe Silvia Fernandes Raimundo, 43 anos, também funcionária pública. "Hoje ele está muito mais calmo, sorridente, feliz! Já consegue dar alguns passos. Meu Deus, até o ano passado ele praticamente só engatinhava. Nossa raspinha do tacho Rebeca, de 1 ano e 10 meses, tem nos ajudado nessa nova fase de nossas vidas. Quando chamamos o Matheus para tomar banho, ela pega na mãozinha dele para irem juntos. Nenhum sabe andar direito, então caem juntos . Dizem que Deus escolhe pais especiais para essas crianças. Agradecemos por termos sido escolhidos para o nosso Matheus!", exclama emocionado senhor Paulo.

 

Serviço

Quem quiser conhecer o trabalho do pequeno artista, sua exposição "Um Olhar Especial" pode visitada de segunda a sábado, das 8h30 às 22h. Já aos domingos e feriados, o espaço fica aberto das 16h às 22h.

 
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