Esboço histórico de Presidente Prudente

OPINIÃO - Marcos Alegre

Data 08/06/2017
Horário 14:21

A fundação da cidade e município de Presidente Prudente liga-se ao povoamento do extremo oeste do Estado, decorrente da invasão da onda cafeeira atraída pelas terras virgens dos planaltos ocidentais. Estimulado pelos bons preços dos mercados consumidores internacionais, o café do Brasil tomou conta de vasta região desde o Rio de Janeiro, sul de Minas Gerais, vale do Paraíba, Espírito Santo e foi a Campinas de onde fez trampolim para chegar ao oeste paulista. As crises de 1904/1905 e 1920/1921 trouxeram os primeiros problemas de superprodução no século 20, sopitaram a expansão, mas não a anularam por que, estimulados pela política do governo paulista de valorização do produto, cresceram mais do que nunca os cafezais, chegando a atingir até o Rio Paraná.

O café era a maior riqueza do Brasil e, é natural que atraísse para as suas áreas os capitais ansiosos para se reproduzirem e, ao mesmo tempo, atraindo imigrantes recém-chegados, colonos desejosos de se tornarem proprietários, profissionais liberais ambicionando por fortuna e prestígio. O transporte oferecido pelo prolongamento dos trilhos da Estrada de Ferro Sorocabana que precedeu o café, cumpriu um programa estratégico do governo brasileiro, no sentido de tornar mais acessível o oeste aos centros litorâneos.

Neste pano de fundo da história econômica paulista que se insere a obra de Goulart e Marcondes, ambos fazendeiros de café e negociantes de terras, que vieram participar da fortuna que o café propiciava àqueles que se sujeitassem a enfrentar os sertões.

O Coronel Francisco de Paula Goulart era proprietário juntamente com seus irmãos, por herança paterna, de vasto latifúndio; a fazenda Pirapó-Santo Anastácio. Em 1917 chegou ao local onde seria a estação da Estrada de Ferro Sorocabana, a primeira localizada em suas terras, e mandou locar o que seria um núcleo urbano e, assim nasceu a Vila Goulart. Em 14 de setembro de 1917 abriu-se a primeira clareira no local onde hoje se dá a confluência da Avenida Brasil com a Washington Luiz.

Diferentemente de Goulart, o Coronel José Soares Marcondes, que chegou em 1919, não era proprietário de terras, mas possuía uma empresa colonizadora e obteve opção para a venda de terras. Dentre elas uma em Montalvão, um latifúndio fronteiriço com a fazenda de Goulart, separada pela linha férrea da Sorocabana, e ali ele traçou outro núcleo urbano. Com o crescimento dos dois núcleos baseados economicamente no café, acabou havendo a fusão e, quando houve a criação do município, os núcleos receberam os nomes, Vila Goulart e Vila Marcondes.

O município de Presidente Prudente foi criado pela lei 1798, de 28 de novembro de 1921, sendo instalado a 27 de agosto de 1923. A mesma lei criou também o Distrito de Paz, a autonomia judiciária pela lei 1887, de 8 de dezembro de 1922, desmembrando-se a nova comarca de Assis.

A data que marca o nascimento de Presidente Prudente é 14 de setembro de 1917 e, oficializou como patrono, o ilustre brasileiro Prudente José de Morais Barros, nome adotado oficialmente em 1921. Dessa forma, é que se comemorará em 14 de setembro deste ano o centenário da cidade, que desfruta, com justiça, o título de “Capital da Alta Sorocabana”.

Devo dizer, com bastante orgulho, que o esboço sobre a história de Prudente tem vários autores. Alguns são da USP (Universidade de São Paulo), e outros são da FCT/Unesp (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista). Todos desejosos de homenagear a cidade pelos seus bem vividos 100 anos e, por isso, podemos dizer: Rufam os tambores! Tinem as cornetas! Felicidades para Presidente Prudente, sempre, sempre sempre!

Marcos Alegre, professor emérito da FCT/Unesp (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista) e ex-diretor dessa mesma instituição. Contato: maralegre@ig.com.br

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