Estresse crônico: o empurrão invisível para o infarto

OPINIÃO - Osmar Marchioto Jr.

Data 26/11/2025
Horário 04:30

O corpo reage quando a mente está sobrecarregada. O coração acelera, a respiração encurta, os músculos enrijecem, o sono desaparece. Isso não é acaso. Estresse e ansiedade afetam diretamente o funcionamento do sistema cardiovascular.
Há evidências de que o estresse crônico e a ansiedade aumentam o risco de infarto, hipertensão, arritmias e insuficiência cardíaca. Esse risco não se deve apenas a comportamentos que costumam acompanhar esses estados, como a má alimentação, o uso de cigarro ou a falta de atividade física. Mesmo quando os exames de rotina estão normais, o impacto já pode estar em curso dentro do organismo.
Quando vivemos sob pressão constante, o corpo age como se estivesse diante de uma ameaça contínua. Os hormônios liberados nesse processo, especialmente o cortisol e a adrenalina, aparecem em excesso e com frequência maior do que o necessário. Isso acelera os batimentos cardíacos, estimula inflamações nos vasos sanguíneos e altera o metabolismo de forma prejudicial. Com o tempo, esse funcionamento desregulado fragiliza o coração e todo o sistema que o sustenta.
A ansiedade agrava esse processo. Ela mantém o corpo em estado de alerta mesmo quando não há um motivo objetivo. A pessoa sente o coração acelerar mesmo em repouso. Situações pequenas parecem maiores do que são. O sono se torna superficial, interrompido, insuficiente. E sem descanso adequado, o corpo não se recompõe.
Esse cenário é frequentemente ignorado. Muitas pessoas procuram atendimento por palpitações, aperto no peito, tontura ou cansaço inexplicável. Os exames, muitas vezes, não mostram alterações. Isso leva ao alívio momentâneo, mas também à falsa impressão de que não há nada a ser feito. Quando os sintomas persistem ou se repetem, é necessário considerar outras causas, inclusive emocionais.
Sintomas físicos com origem emocional não são imaginários. O sofrimento é real. Corpo e mente estão interligados. O coração, em especial, responde de forma sensível a esse desgaste acumulado. Por isso, é essencial levar esses sinais a sério.
Algumas atitudes podem reduzir o impacto do estresse na saúde cardiovascular. Praticar atividade física de forma regular, mesmo que em ritmo leve, ajuda a equilibrar os hormônios e melhora o humor. Técnicas de respiração, meditação e pausas intencionais durante o dia têm efeito positivo sobre o sistema nervoso. Manter horários de sono consistentes, alimentar-se de forma equilibrada, cultivar laços de apoio e conversar com alguém de confiança também são medidas valiosas. Em determinados casos, o uso de medicamentos é indicado, sempre com orientação médica.
É importante reconhecer os sinais. Ansiedade constante, cansaço sem explicação, alterações no sono ou nos batimentos cardíacos são formas do corpo pedir atenção. Ignorar esses avisos pode permitir que um problema potencial se transforme em algo mais grave.
O coração não envia alertas à toa. Às vezes, ele se manifesta pela ansiedade. Em outras, por sintomas vagos que não aparecem nos exames. Ouvir esses sinais é um passo decisivo no cuidado com a saúde. Proteger a mente é uma forma objetiva de proteger o coração.
 

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