Família de Epitácio entra em quarentena após parente ser internado com suspeita da varíola dos macacos

Hospital da capital paulista notificou Secretaria Municipal de Saúde sobre paciente que informou ter visitado município recentemente

REGIÃO - DA REDAÇÃO

Data 29/07/2022
Horário 15:48
Foto: Cynthia S. Goldsmith/Reuters
Paciente internado em hospital da capital paulista aguarda resultados de exames
Paciente internado em hospital da capital paulista aguarda resultados de exames

Uma família de Presidente Epitácio foi posta em quarentena após um parente apresentar sintomas da varíola dos macacos. Ele está internado na capital paulista enquanto aguarda os resultados dos exames.

De acordo com o secretário municipal de Saúde, Alemão Tedesco, a pasta foi comunicada nesta quinta-feira que um hospital de São Paulo tinha sob seus cuidados um paciente com suspeita de ser portador da monkeypox, ou varíola dos macacos, e que ele informou que esteve em Presidente Epitácio recentemente para visitar a família.

Alemão aponta que, recebida a notificação, uma equipe da Vigilância Epidemiológica se preparou e visitou a casa da família, que confirmou que entrou em contato com o paciente. Sendo assim, todos foram colocados em isolamento domiciliar até que o resultado dos exames do paciente saia ou, então, termine o prazo de 21 dias da quarentena e ninguém apresente sintomas.

"Assim, não há qualquer motivo para pânico, até porque se trata de um caso isolado e que já está sendo monitorado pelas autoridades sanitárias", expõe.

Alemão pontua que, de qualquer maneira, é importante que as pessoas procurem saber sobre os sintomas da doença, sendo o principal deles o aparecimento de lesões parecidas com espinhas ou bolhas no rosto, dentro da boca ou ainda nas mãos, pés, peito e genitais, de modo que, havendo suspeita, possam se dirigir às unidades de saúde para realização de exames, diagnóstico e o que mais for necessário para o tratamento e controle da doença.

Primeira morte no Brasil

O Ministério da Saúde confirmou, nesta sexta-feira, a primeira morte relacionada à varíola dos macacos no Brasil. Em nota, a pasta informou que a vítima era um homem, de 41 anos de idade, que já tratava outras doenças, incluindo um câncer, o que ocasionou o agravamento do seu quadro de saúde. As informações são da Agência Brasil.

Ainda de acordo com o ministério, o homem, cujo nome não foi divulgado, estava hospitalizado em um hospital público de Belo Horizonte (MG), onde sofreu um choque séptico, agravado pela varíola dos macacos. De acordo com o ministério, "a causa do óbito foi o choque séptico".

Também em nota, a Secretaria de Saúde de Minas Gerais reiterou que o paciente, que residia na capital mineira, já estava internado devido a “outras condições clínicas graves”. Segundo a secretaria, além dos casos confirmados, existem, no Estado, outros 130 em investigação. Apenas em Belo Horizonte, foi registrado um caso de transmissão comunitária, ou seja, quando não há mais como identificar o local onde a pessoa foi infectada – um indício de que o vírus já circula entre as pessoas daquela localidade.

A Agência Brasil informou que, até a tarde desta quinta-feira, o Brasil já contabilizava 978 casos confirmados da varíola dos macacos. Até então, os casos estavam concentrados nos Estados de São Paulo (744), Rio de Janeiro (117), Minas Gerais (44), Paraná (19), Goiás (13), Bahia (5), Ceará (4), Rio Grande do Sul (3), Rio Grande do Norte (2), Espírito Santo (2), Pernambuco (3), Tocantins (1), Mato Grosso (1), Acre (1), Santa Catarina (4) e no Distrito Federal (15).

Causada pelo vírus hMPXV (Human Monkeypox Virus, na sigla em inglês), a varíola dos macacos foi declarada emergência de saúde pública de interesse internacional pela OMS (Organização Mundial da Saúde). A decisão foi tomada com base no aumento de casos em vários países, o que aumenta o risco de uma disseminação internacional.

Especialistas a classificam como uma doença viral rara, transmitida pelo contato próximo com uma pessoa infectada e com lesões de pele. O contato pode ser por abraço, beijo, massagens ou relações sexuais. A doença também é transmitida por secreções respiratórias e pelo contato com objetos, tecidos (roupas, roupas de cama ou toalhas) e superfícies utilizadas pelo doente.

Não há tratamento específico, mas os quadros clínicos costumam ser leves, sendo necessários o cuidado e a observação das lesões. O maior risco de agravamento acontece, em geral, para pessoas imunossuprimidas com HIV/aids (vírus da imunodeficiência humana/síndrome da imunodeficiência adquirida), leucemia, linfoma, metástase, transplantados, pessoas com doenças autoimunes, gestantes, lactantes e crianças com menos de 8 anos de idade.

Plano de vacinação

O Ministério da Saúde instaurou nesta sexta-feira um COE (Centro de Operação em Emergências) para acompanhar a situação epidemiológica e elaborar um plano de vacinação contra a varíola dos macacos.

O anúncio foi feito nesta quinta-feira pelo secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Medeiros, durante a 7ª reunião ordinária da CIT (Comissão Intergestores Tripartite), em Brasília (DF). Segundo o secretário, a vacina a ser adquirida possivelmente será de vírus não replicante. A previsão é que 50 mil doses sejam destinadas ao Brasil, de acordo com a solicitação feita à OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde).

Foram convidados a participar do colegiado membros do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde), Opas, Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e representantes de outras secretarias do Ministério da Saúde, além da própria SVS (Secretaria de Vigilância em Saúde).

"O esquema de imunização deve ser de duas doses com intervalo de 30 dias entre elas. Já estamos em tratativas com as fabricantes para adquirir os imunizantes. O COE vai acompanhar todo o processo pandêmico em relação à monkeypox", destacou Arnaldo Medeiros.

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