Família e ex-alunos se despedem do judoca Jaime Kusabara

O sensei que fez história na arte marcial de Prudente e região foi sepultado na manhã de ontem; segundo seu filho uma pneumonia foi a causa da morte, com suspeita de Covid-19

Esportes - ROBERTO KAWASAKI

Data 17/06/2020
Horário 06:30
Márcia Tanaka - Jaime foi um dos pioneiros do judô não só na região, mas no Brasil
Márcia Tanaka - Jaime foi um dos pioneiros do judô não só na região, mas no Brasil

Foi sepultado na manhã de ontem, no Cemitério Municipal São João Batista, em Presidente Prudente, Jaime Kazume Kusabara, faixa vermelha de judô que fez história na região. Ele estava internado no Hospital e Maternidade Nossa Senhora das Graças há aproximadamente duas semanas, e morreu em decorrência de uma pneumonia, aos 90 anos. Conforme Washington Kazuo Kusabara, filho de Jaime, o pai estava com suspeita de Covid-19. O resultado é aguardado.

A carreira no esporte sempre esteve em destaque na vida do mestre, ainda mais como inspiração para os amantes do judô, que o viam como exemplo na arte marcial. Ele que foi um dos primeiros japoneses que trouxe a modalidade ao Brasil, junto com o pai e o irmão, principalmente a Presidente Prudente foi também responsável por descobertas de grandes talentos, que se tornaram faixas pretas nesse esporte.

O filho de Jaime, conta que, além de professor de judô na academia “Nipak Kan” da família, seu pai era massagista e alfaiate. “Um lutador” que formou dois filhos na faculdade, Washington, em Engenharia Mecânica, e Silvia, em Matemática. “O judô foi a razão de viver do meu pai. Era muito entusiasmado, nem tanto pelo dinheiro, mas pela realização profissional de ensinar, passar adiante esse conhecimento. A vitória dos alunos era um grau de realização para ele”, exalta o filho.

 

Lembranças de ex-alunos

Para o ex-aluno, Eli Martins Lima Junior, o professor deixa grandes lembranças. “Comecei a ter aulas com ele ainda criança, início da década de 1980, inicialmente na Apea [Associação Prudentina de Esportes Atléticos] e, depois, na academia Nipo-Brasileira”, conta Eli. Tamanha a influência de Jaime em sua vida que o esporte faz presente até hoje da vida de seu ex-aluno, que passou para seu filho os conhecimentos adquiridos com o mestre.

O fotógrafo, Fernando Martinez, é outro ex-aluno de Jaime, que iniciou os aprendizados do judô também na infância, com 6 anos de idade com Hideo Kusabara, irmão mais velho de Jaime que veio a ser seu segundo sensei. Em entrevista a este diário, ele lamenta a perda. “Entre as décadas de 70 e 80 era o Jaime quem comandava o judô. Inclusive, na região era um dos mais graduados, bem respeitado pela Federação Paulista de Judô. Era um paizão para todo mundo. Ele foi muito importante não só na minha vida, mas na de quase todos que fizeram judô em Prudente”, ressalta o fotógrafo faixa preta 2º Dan.

Jogi Oshiai, ex-aluno de Jaime Kusabara na Apea, nos anos 70 e 80, mora atualmente em Bruxelas, na Bélgica, e escreveu o seguinte sobre “o mestre”: “Se tem um esportista que fez muito pelo esporte prudentino foi ele. Quando eu comecei a nadar nos anos 60, ele já dava aulas de judô na Apea. Portanto, foram decênios e decênios de dedicação. Talvez mais de seis dedicados ao judô prudentino!”, lembra Jogi.

“O JUDÔ FOI A RAZÃO DE VIVER DO MEU PAI. ERA MUITO ENTUSIASMADO, NEM TANTO PELO DINHEIRO, MAS PELA REALIZAÇÃO PROFISSIONAL DE ENSINAR, PASSAR ADIANTE ESSE CONHECIMENTO”

                    Washington Kazuo Kusabara

                     filho de Jaime

 

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