FPF: caso polêmico das substituições do Catanduva deverá ser avaliado pelo TJD 

Na virada por 2 a 1 sobre o Grêmio Prudente, Santo fez 6 alterações que passaram desapercebidas pela equipe de arbitragem durante o tempo regulamentar 

Esportes - CAIO GERVAZONI

Data 29/01/2024
Horário 20:14
Foto: Cedida/Alex Cocão
Fotógrafo Alex Cocão fez o registro das substituições do Catanduva que podem levar o duelo Grêmio Prudente 1 x 2 Santo a ser decidido nos tribunais  
Fotógrafo Alex Cocão fez o registro das substituições do Catanduva que podem levar o duelo Grêmio Prudente 1 x 2 Santo a ser decidido nos tribunais  

Na tarde de hoje, a FPF (Federação Paulista de Futebol) indicou à reportagem de O Imparcial que o caso das seis substituições do Catanduva - na vitória de virada por 2 a 1 sobre o Grêmio Prudente, no sábado no Estádio Paulo Constantino, Prudentão - deverá ser avaliado pelo TJD (Tribunal de Justiça Desportiva). O julgamento deve ocorrer na próxima semana.
O duelo entre Carcará e Santo foi válido pela 2ª rodada da Série A3 do Campeonato Paulista 2024 e ficou marcado pelas inusitadas seis substituições feitas pela equipe visitante. As seis alterações passaram desapercebidas pela equipe de arbitragem, liderada pelo árbitro Vinícius Bettio, ao longo dos 90 minutos. No entanto, Bettio relatou o ocorrido na súmula do jogo. Confira na imagem:

Reprodução/FPF

Árbitro Vinícius Bettio relatou a ocorrência da sexta substituição do Catanduva na súmula do jogo

Questionado por O Imparcial, o diretor jurídico do Catanduva, Matheus Galhardo, relatou que o clube ainda não recebeu notificação sobre a irregularidade do fato inusitado e irá aguardar os próximos passos deste capítulo, até então, inédito no futebol paulista. 

“Tenho vários anos no direito desportivo e nunca me deparei com tal situação. Pela situação sui generis, o jurídico do Catanduva Futebol Clube prefere não abrir linha de defesa, até porque no momento não existe acusação formal. A gente prefere aguardar os próximos passos pra ver qual movimento a gente precisar fazer, quais provas precisamos produzir, qual a tese defesa. Então, não dá pra abrir sem antes aguardar uma citação formal do TJD, se é que irá vir alguma citação. Depende do entendimento procurador do TJD. Estamos no aguardo. Não tem como adiantar sem saber. Tem que aguardar o posicionamento da FPF através do Tribunal de Justiça Desportiva”, avaliou o advogado do Santo. 

O Grêmio Prudente, por sua vez, emitiu uma nota oficial na noite de hoje: "Diante dos fatos ocorridos no jogo do último sábado (27), de conhecimento público e amplamente divulgados pela imprensa, o Grêmio Prudente informa que por meio do seu departamento jurídico adotou as medidas necessárias objetivando a anulação da partida. O clube endereçou ao Tribunal de Justiça Desportiva, um requerimento de impugnação, nos termos permitidos pelo Código Brasileiro de Justiça Desportiva, em relação ao qual aguardará acolhimento para o bem do esporte e resguardo da lisura da competição. Confiantes de que, por justo, as decisões acertadas serão tomadas pelas autoridades competentes, enquanto o procedimento impugnatório se desenrola dentro dos prazos legais. O Grêmio Prudente segue trabalhando com foco na partida desta quarta-feira (31), às 19h30, contra o Marília, no Prudentão. Contamos com o apoio do nosso torcedor para alcançar os objetivos traçados para a temporada 2024".

No sábado, ainda no calor do pós-jogo do duelo marcado pelo fato inusitado, o presidente do Carcará, André Garcia, relatou que fez uma consulta à FPF e recebeu a informação que haverá julgamento no TJD. “A informação que a gente tem é que vai haver algum julgamento no TJD. É uma situação não prevista no regulamento. Ela infringe o regulamento, mas não prevê o que acontece caso esta infração ocorra. Vamos ter que aguardar para ver o que vai ser decidido”, disse o mandachuva do Grêmio Prudente na ocasião. 

Encara o MAC nesta quarta

O Carcará se reapresentou hoje e treina nesta noite no Prudentão com vistas no duelo regional, pela 3ª rodada da A3, contra o MAC (Marília Atlético Clube), nesta quarta-feira, às 19h30, diante da torcida prudentina, impaciente com a atuação da equipe de Ademir Fesan no sábado. Na última rodada, em casa, o Alviceleste do Bento de Abreu empatou sem gols com o União São João, de Araras. 

Já o Catanduva volta a jogar em casa nesta quarta, às 20h. O adversário é a Itapirense, que na rodada anterior empatou por 1 a 1 contra o Desportivo Brasil, em Porto Feliz. Por sinal, dos oito duelos da 2ª da A3, sete terminaram com o placar em igualdade. A única vitória foi a do Santo sobre o Carcará, em resultado que poderá ser revertido nos tribunais.  

Coisas que estão reservadas a acontecer no Prudentão

Tem coisas que estão reservadas a acontecer no Prudentão. Há quase 15 anos, Ronaldo e a fiel corinthiana derrubavam o alambrado em seu primeiro gol com a camisa do Corinthians no último lance do jogo contra o rival alviverde. No começo de 2012, Neymar, pelo Santos, dançava “Eu quero tchu, eu quero tcha” ao marcar 100º gol de sua carreira. No final daquele ano, o Fluminense sagrou-se campeão brasileiro e empurrou o Palmeiras para, na rodada seguinte, ser rebaixado pela segunda vez para a Série B do Brasileirão. Na tarde deste sábado, pela 2ª rodada da Série A3 do Campeonato Paulista, o Grêmio Prudente jogou mal, perdeu de virada por 2 a 1 para o Catanduva e saiu vaiado de campo, porém o fato mais inusitado do duelo foram as seis substituições feitas pelo técnico do time visitante, Ivan Canela, que passaram desapercebidas pelo árbitro Vinícius Bettio e pelo quarto árbitro Jeferson Silvestrini durante o jogo. 

Segundo a IFAB International Football Association Board), responsável pelas regras do jogo, o limite máximo de alterações ao longo do tempo regulamentar de 90 minutos mais acréscimos é de cinco. A regra foi alterada em 2020 durante a pandemia e mantida pela FIFA (Federação Internacional de Futebol).  

Seis minutos depois do meia Michelon acertar um petardo de fora da área para empatar o jogo em 1 a 1, a polêmica aconteceu aos 34 minutos do segundo tempo, quando o quarto árbitro Jeferson Silvestrini levantou a placa e duas alterações aconteceram: o camisa 8 do Catanduva, Pedrinho, deu lugar ao camisa 17, Nathan Índio; e o camisa 9, Caio Vieira, saiu para a entrada do experiente atacante Thiago Ribeiro, com a 20. Dois minutos depois, após cruzamento de Michelon pelo flanco direito, Thiago Ribeiro deu um toque sutil de letra e concretizou a virada do clube do padre Osvaldo sobre o Carcará. 

As seis alterações feitas pelo Santo foram: Michelon no lugar de Roma; Chuck entrou na vaga de Gustavo Henrique; Alef no lugar de Thiaguinho; Nathan Índio substituiu Pedrinho; e Thiago Ribeiro assumiu a posição antes ocupada por Caio Vieira.  

Repercussões das 6 substituições

No pós-jogo, o técnico do Catanduva, Ivan Canela, disse que ficou intrigado com a situação e as substituições foram feitas no desenrolar do calor do jogo, sendo que o erro passou desapercebido pela equipe de arbitragem. 

Abres aspas para Canela: “Essa situação foi inusitada. Acabou que fizemos uma [substituição] no intervalo e depois foi desenrolando o jogo e as substituições foram feitas. O fato que deixa a gente meio intrigado é que em todos os jogos tem a carteirinha que controla as substituições e neste jogo não teve. Foi um erro, uma falha que passou desapercebida, não foi de má-fé. Muita gente não percebeu que aconteceu isso e a gente não sabe o que vai acontecer. É um fato que nunca vi, primeira vez que vejo. É uma pena. Foi um espetáculo bonito, um jogo eletrizante. Vamos ver o que vai acontecer agora. Eu particularmente não gostaria de tirar os méritos dessa vitória, onde o time jogo muito bem. É uma situação inusitada, a gente fica feliz e chateado ao mesmo tempo”, disse o treinador do Catanduva. 

Já o técnico do Grêmio Prudente, Ademir Fesan, na coletiva de imprensa, disse que um de seus auxiliares percebeu o erro, porém no calor o jogo, achou que a percepção poderia estar errada. Fesan ressaltou que deixará a resolução da situação nas mãos da diretoria gremista. “Em relação a essa questão, é com a diretoria. Acredito que a diretoria, óbvio, tem o direito de reivindicar até porque o adversário usufruiu de uma vantagem fora da regra, tanto é que um dos substitutos marcou o gol”, pontuou. 

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