Adeus, Lô Borges! Gratidão! Você permanecerá em nossos corações. “O Trem Azul” é uma das canções mais profundas da carreira de Lô Borges e um verdadeiro clássico da música popular brasileira. Composta em parceria com Ronaldo Bastos, a canção foi lançada em 1972, no álbum “Clube da Esquina”, projeto que revolucionou a MPB ao reunir jovens talentos mineiros, como Lô Borges, Milton Nascimento, Beto Guedes, entre outros.
O início da década de 1970 foi marcado por intensas transformações culturais no Brasil. Em meio à repressão da Ditadura Militar, surgia em Minas Gerais um movimento musical inovador: o Clube da Esquina. Nessa atmosfera de criatividade, amizade e resistência, nasceu “O Trem Azul”. A canção reflete o espírito do movimento, combinando poesia, melodia sofisticada e influências do rock, jazz e da música mineira. A letra de “O Trem Azul” é marcada por imagens oníricas e abertas a infinitas interpretações. O trem, figura central, pode ser visto como uma metáfora do tempo, das viagens interiores, do desejo de liberdade ou da busca por um ideal e autoconhecimento.
Versos como “coisas que a gente sente / não pode explicar” traduzem o tom de introspecção e leveza da música, convidando todos a embarcarem em uma viagem emocional e subjetiva. Algo tão difícil em tempos tão sombrios, fruto da realidade atual. Desde seu lançamento, “O Trem Azul” conquistou gerações de ouvintes e músicos. A canção é frequentemente regravada e segue sendo referência por sua beleza melódica e lirismo. Ela representa o encontro entre tradição e modernidade, característica marcante do Clube da Esquina, e consolidou Lô Borges como um dos maiores compositores da música brasileira.
A capa do disco “Clube da Esquina” ficou famosa por não trazer a imagem dos músicos, mas sim de dois garotos desconhecidos, reforçando o clima de mistério e universalidade das canções. Lô Borges compôs “O Trem Azul” aos 19 anos, demonstrando sua maturidade musical precoce e a forte influência do ambiente criativo de Belo Horizonte (MG). A música já foi gravada por artistas como Elis Regina, Milton Nascimento e Maria Rita, evidenciando seu impacto e atualidade.
“O Trem Azul” segue sua viagem pelo imaginário brasileiro, cruzando gerações e inspirando novas leituras. Sua poesia aberta e melodia marcante fazem dela um patrimônio da música nacional, símbolo da sensibilidade e inventividade de Lô Borges e do Clube da Esquina. Lô Borges segue sua viagem no coração de cada brasileiro, deixando um grande legado.